de Ticiana Vasconcelos Silva
O dia, hoje,
Foi longe
Como o horizonte
Que na alma
Faz a escuridão
Ser igual à luz
E tudo se reduz
Ao infinito
E tudo se coloca
Em abrigo
Como não se faz
Mais o mesmo domingo
Tudo é cor
Mas a dor é correta
E a festa é discreta
Porque somos
Presas
A surpresa é pequena
Porque o tema já se sabe
Vida
O sentido de estar só
E ser todos
Nos meus cômodos
Guardam-se poeiras
E quem me incomodou
Nunca mais falou:
Te amo
Tamanho é o espanto
E o encanto
Pelo nada
A estrada é criada
Criaturas da noite
E a minha sorte
É o rumo para a intacta
Ideia que vigia
A idolatria
Vem, vamos sonhar
E deitar para levantar
Os muros que nos separam
Paradoxos gentis
Se estou contigo
Não estou
E assim vou
Escrever a última palavra
Com a sílaba exata e pura
Nesses ventos, eu imagino
Uma tristeza que acaba
E cedo eu cedo
À sua alma
Que me chama
Viver o impossível
Como se fosse o fácil
E difícil foi te esquecer
Querer e te ver
Porque crer é perecer
Sem saber
Sem perceber
A verdade
Que a solidão escreva
O último poema
Porque estar são
É estar pensando em vão
Como não somos
Certeza
Que a beleza nos revele
Primorosa e sabedoria das palavras que enternecem