6:49Capitais terão novo teste do antibolsonarismo no segundo turno

por Bruno Boghasian, na FSP

Urnas vão ajudar a medir intensidade e durabilidade de sentimento de rejeição ao rótulo de Bolsonaro

O segundo turno em algumas capitais vai ajudar a medir a intensidade e a durabilidade do antibolsonarismo. A existência desse sentimento no nível local pode ser considerada um sinal de que a rejeição não se limita à figura de Jair Bolsonaro, que impactou a eleição de 2022, e afeta candidatos que abraçam o rótulo político do ex-presidente.

O desempenho forte de candidatos bolsonaristas nestas eleições municipais reforçou a leitura de que o ex-presidente ainda é capaz de dar impulso a personagens de sua órbita ideológica. A passagem para o segundo turno, por outro lado, evidencia que esse benefício muitas vezes vem acompanhado de uma espécie de restrição antimajoritária.

Alguns candidatos conseguirão superar essas barreiras, a depender das características das disputas e das condições locais. Mas o antibolsonarismo já apareceu, em alguma medida, no segundo turno de cidades como Curitiba, Fortaleza, Belo Horizonte e Cuiabá, onde a presença de nomes muito afinados com o ex-presidente estimula a união de grupos de eleitores em torno de adversários de linhas políticas variadas.

O sentimento do eleitor toma três formas diferentes. Em Curitiba, a presença de Cristina Graeml, alinhada a posições radicais que vão da antivacinação ao golpismo, empurra uma fatia dos eleitores para o campo de Eduardo Pimentel, candidato de direita que foi renegado por Bolsonaro. Numa segunda vertente, a reação ajuda um nome de centro, como é o caso de Belo Horizonte.

Em Fortaleza e Cuiabá, candidatos bolsonaristas chegaram ao segundo turno bem posicionados para enfrentar nomes do PT. Fingiram suavizar a própria filiação à plataforma do ex-presidente, mas não conseguiram anular uma dose de rejeição que ampliou o apoio aos adversários de esquerda —algo especialmente notável na capital de um reduto conservador como Mato Grosso.

Ao longo de anos, o antipetismo se consolidou como fator que influencia o comportamento de eleitores a partir de circunstâncias específicas, como o perfil dos candidatos e os valores presentes na disputa. A rejeição a bolsonaristas atravessa um processo semelhante, que passará por mais um teste neste segundo turno.

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