6:37Ecos do debate

por José Maria Correia

Gostei bastante do formato do debate organizado pela Band TV . Duro, mas sem ofensas pessoais e com bastante tempo para os candidatos em suas falas . Também sem necessidade de direitos de respostas, apesar dos muitos pedidos indeferidos da candidata Cristina Graeml. Faz parte do jogo apenas

Coube ao vice- prefeito Eduardo Pimentel defender a gestão em que participou como Secretário de Obras, o que fez com lealdade citando as principais obras e realizações , mas também mostrando personalidade própria e apontando para avanços e novos projetos .

Os principais problemas de Curitiba foram todos abordados e são complexos e conhecidos – e soluções mágicas não existem. Mesmo com as desigualdades sociais históricas,
decorrentes da baixa renda e poder aquisitivo de grande parte da população trabalhadora, Curitiba é uma das melhores cidades para se viver em termos de organização, urbanização e serviços públicos.

O que não cabe ainda para os bolsões de pobreza extrema , mas estamos avançando e vontade política existe.  Os recursos suficientes só com a complementação de verbas estaduais e federais. Um exemplo muito positivo é o bairro da Caximba que sofreu total transformação.

A candidata do PMB, no direito de adversária, usou a estratégia e a retórica de se
colocar como a antissistema , no jargão de “contra tudo que está aí”. Entretanto, não apresentou alternativas claras do que poderia mudar. Na verdade não é fácil ir além da crítica sem soluções factíveis. Nos debates, onde os marqueteiros tem grande influência, a ideia forte da anti-política não é nova .

Considerando o que já vi e vivo em tantas eleições e crises sistêmicas, me preocupa esse discurso que tem apelo popular sobre o descontentamento com a classe política e que não apresenta alternativas concretas ao processo de escolha pelo voto. Se não estou contente com o sistema me apresentem outro melhor, parafraseando o velho Winston, o Churchill

Assim, surpreendeu de certa forma a insistência da candidata Graeml ao criticar mais de uma vez durante o debate as alianças feitas por Eduardo Pimentel com diversos partidos políticos. Alianças que são características do processo democrático, assim como as que ocorrem em muitas outras capitais, e não só do Brasil. Todos os candidatos buscam em coligações para formar coalizões.

Alianças só critica quem não as consegue realizar, é fato. E apoios também não se recusam, como dizia o sábio doutor Tancredo Neves quando citava o antigo ditado mineiro: “ Catitu fora de manada é comida de onça.” Ou seja, o prefeito não deve e não pode ser um autocrata com poderes absolutistas como se não existissem o poder legislativo municipal e os adversários.

A Câmara é composta de vereadores de diversos partidos, e o prefeito eleito precisa de alianças para compor uma base parlamentar. Sem a base não poderá aprovar seus projetos de lei e propostas orçamentárias. E nem seus vetos serão mantidos .

Uma sustentação democrática é necessária, pois se reflete também na sociedade por seus representantes eleitos nos bairros e segmentos sociais. É o que acontece na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional. São relações republicanas imprescindíveis. Fora disso é mera bravata.

Atacar apenas por atacar na busca de votos não tem se mostrado uma boa estratégia em Curitiba. Uma cidade cujas administrações municipais sempre foram muito bem avaliadas pelos curitibanos e os que aqui moram ou visitam, com uma ou outra rara exceção. Essas avaliações feitas com critérios para uma cidade tida como laboratório em geral do que possa surgir como novidade para o todo o país. A capital paranaense é uma cidade exigente e tradicional, mas que gosta de inovar.

Também é progressista em tantas iniciativas e ações políticas como o inesquecível Comício pelas Diretas Já, de 1984, onde ainda jovem fui um dos primeiros oradores , honra que sempre me orgulha e gosto de lembrar. “ A memória é o único paraíso do qual não podemos ser expulsos “

Enfim , penso que as eleições municipais deste ano podem ter até cedido espaços para candidatos extremistas que obtiveram índices altos nas pesquisas mas não foram suficientes para ir ao segundo turno. E os que chegaram ao segundo já trataram de suavizar suas imprecações ou catilinárias, como foi o caso específico de São Paulo.

Mas em Curitiba , minha maior preocupação, falando por experiência própria , é que tenhamos a continuidade e o aperfeiçoamento de nosso sistema de saúde pública municipal, com seus postos , unidades, secretaria , hospitais, medicamentos laboratórios e toda uma rede de atendimento universal para os milhares de curitibanos e moradores da região metropolitana e de outras cidades.

Digo por experiência própria por ter sido salvo do agravamento da COVID pelas vacinas e pela intensa mobilização e campanha em todo nosso estado com aviões, caminhões, ônibus , embarcações e ambulâncias.

Só quem, como eu, esteve internado no isolamento da ala hospitalar chamada popularmente de Covidário é capaz de saber da angústia da incerteza dos dias e das noite de solidão onde não poderia haver amanhecer e o silêncio seria eterno. Sem a ciência eu não estaria dando esse testemunho.

Por isso onde houver negacionismo e posições contra a ciência e os avanços da medicina eu irei me posicionar.

Em homenagem também aos meus queridos amigos que morreram com muito sofrimento, esquálidos e vítimas de pseudos tratamentos ineficazes que enriqueceram charlatães vendedores de placebos e são responsáveis pelos enterros em massa de homens , mulheres e crianças .

Esses haverão de responder nos tribunais da história ou ainda nesta vida mesmo , quando a justiça despertar.

Viva a ciência

“ Viva a morte e a inteligência “ foi o urro já sepultado do general fascista Milan Astray na então conservadora Universidade de Salamanca , prontamente contestado com coragem por Dom Miguel de Unamuno.

E que as luzes do saber nunca mais sejam cobertas pelas túnicas do obscurantismo.

 

7 ideias sobre “Ecos do debate

  1. Parreiras Rodrigues

    Isso, d.r JSM. Na jugular. Tim-tim por tim-tim.
    Pimentel receberá mais da metade dos votos do Ducci, em quem votei e do Leprevost. Assim como os da Maria Vitória que já lhe antecipou apoio. Idem, os do Bob Reck. Por outro lado, Cristina pavimentou solidamente uma candidatura a algum cargo legislativo em 26.

  2. Parreiras Rodrigues

    Esqueci. O baita ex-prefeito de Pibhais, 41.000 votos, já declarou apoio à Eduardo, neto de um dos melhores governadores do Paraná, o baita Paulo Pinentel.

  3. Eliziane

    Toc, toc, toc… Ei, amiguinho, acorda! Saia desse mundo de fantasia e venha pra realidade! Precisa de um exemplo? Tá, tá bom… Voce fala na Câmara Municipal, como se os vereadores fossem agir como heroicos defensores do povo… Piada, né? Não é de hoje que a prefs distribui meia dúzia de cargos entre eles e coloca os nobres no bolso. Hahaha, é assim que funciona, não sabia? Outro exemplo? As tais das grandes alianças e coalizões, onde a galera faminta quer garantir uma boa fatia do bolo, cê tá pensando que são movidos por nobres convicções democráticas? Ah, fala sério, sabe de nada, inocente! Faz um bem a si próprio e desperta prá vida! Ainda dá tempo!!

  4. Julio Só

    Pimentel se mostrou mais uma vez que está preparado. Não é apenas um mote de campanha.
    Graeml é uma extremista furiosa, cheia de ódio. Não tem propostas, não tem diálogo, acho que nem cachorro tem.
    Se essa destemperado for eleita, Curitiba vai ter saudades até do Fruet.

  5. Tião da transparência

    20% apenas das promessas passadas foram cumpridas, se não fizeram em Oito anos, com 70 bilhões de reais arrecadados neste tempo. O povo não é idiota, estamos indignados com salas de aulas além da capacidade funcional ao aprendizado, indignados pelas mesmas promessas, a prefeitura está sitiada pelo fisiologismo, e um candidato formatado para dar CONTINUISMO ,enganar a população. CRISTINA GRAEML35, tem a voz da sinceridade, é mãe, e conhece o sentimento da população.
    Quem sabe faz na hora não espera acontecer, 200 mil consultas na fila de espera, 90 mil famílias na fila da COHAB , nada fizeram o Sr. Eduardo 15 mil moradias em Curitiba , MENTIU, venha neste blog e aponte 15 mil moradias iniciadas terminada na gestão greca-eduardo em Curitiba, MENTIU porque o IPPUC NAO QUER POBRE EM CURITIBA, a maior construtora do Brasil propôs a construção de 2 mil aptos na região norte, o IPPUC IMPEDIU, já aprovados pelo meio ambiente e COHAB.
    Querem empurrar o povão para almirante Tamandaré, araucária, fazenda rio grande,
    Curitiba só aprovam condomínios de alto padrão, será que as pessoas não enxergam a realidade, vejam como tratam moradores de ruas, com indiferença e tem as soluções dos problemas só em época de eleições . Não podemos eleger um ventríloquo o cabo eleitoral do governo, temos de eleger que se preocupa com o povo, vamos juntos, unidos Cristina geaeml

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