7:01Vamos de Kamala

por Célio Heitor Guimarães

Fosse eu eleitor nos Estados Unidos da América, votaria para a presidência, com grande satisfação, em Kamala Harris. E acho que comigo grande parte do eleitorado brasileiro. Pelo menos aquela parte consciente, que raciocina e não faz parte do rebanho devoto do ensandecido, cujo nome não se diz nem se escreve sob pena de maldição eterna.

Joe Biden foi (e é) um bom presidente para os norte-americanos. Entre os seus principais feitos encontram-se a queda do desemprego, a alta do mercado de ações e um crescimento recorde da economia – o que não é pouco depois da Covid-19 e do desastrado governo de Trump. Poderia até enfrentar um segundo mandato, mas sofre problemas advindos da idade e não tem culpa disso. Nós, os oitentões, o compreendemos. Mas há um imbecil de topete amarelo no caminho. Não fosse frouxa a legislação americana e lerdo o Judiciário de Tio Sam (como, de praxe, na maior parte do mundo), Donald Trump já estaria na cadeia, tantos foram os crimes que cometeu no exercício da presidência. Já colheu pelo menos três condenações, mas continua solto e livre para concorrer, inclusive, a um novo mandato presidencial. Um absurdo, sem a menor dúvida!

Joe Biden passou a bola para Kamala e estragou o discurso preparado de Trump. Velho por velho, agora só restou ele no páreo. E, além de tão idoso quanto Biden, é um desequilibrado, criminoso e capaz de explodir o mundo. Girou a metralhadora contra Kamala, mas até agora só tem disparado traques à moda bumerangue, que lhe acertam a própria testa. Acusa a candidata democrata de ser filha de imigrantes (o pai era é um economista jamaicano e a mãe, uma cientista indiana), de haver casado depois dos 40 anos e de não ter filhos. Quer dizer: para a direita ultraconservadora americana, por ser filha de imigrantes, criada pela mãe, uma ativista de direitos humanos, não ter filhos biológicos e ter sido solteira até os 49 anos”, Kamala não pode presidir o país.

Mal sabem os imbecis que – como lembra a jornalista Mariliz Pereira Jorge, da Folha de S. Paulo – o perfil da americana média mudou nos últimos tempos. Hoje, nos EUA, “casa-se cada vez mais tarde, investe na carreira, tem menos filhos, ou não os tem” – escreve a colunista, pontuando: “Desde 1980, as mulheres compareceram em taxas mais altas do que os homens em todas as eleições presidenciais dos EUA e fizeram a diferença em estados-chave, em 2020”. 

Na verdade, segundo os especialistas, a entrada em cena de Kamala Harris causou desespero na campanha presidencial do republicano. Eleita duas vezes procuradora-geral da Califórnia, antes de eleger-se senadora, Kamala colocou na cadeia vários patifes do naipe de Trump. E isso – queira ou não – assusta-o.

A imagem jovial, risonha e decidida de Kamala deu nova esperança para o eleitor americano. E animou também os financiadores de campanha: em menos de uma semana, Harris arrecadou US$ 200 milhões.

O destino de Donald Trump e de seus desvairados seguidores não é mais a Casa Branca, mas um bom xilindró. 

Quanto a Biden, se conseguir reformar, como pretende, a Suprema Corte americana, acabando com a vitaliciedade dos julgadores, dará um exemplo para o mundo e deixará o governo consagrado.

Uma ideia sobre “Vamos de Kamala

  1. Jose.

    Uau, em breve teremos as cartinhas em inglês!!!
    A propósito: quantos candidatos a presidente dos EUA teve a última eleição? Dica: eles receberam mais de 7 milhões de votos…
    Ou seja, pode ser que ser consciente seja não votar em nenhum dos dois; votar no “menos pior” pode ser o desastre que estamos revendo por aqui.

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