por Mário Montanha Teixeira Filho
Está tudo meio velho, meio esquisito. As coisas estragam, pedem reparo, perdem o uso. Não há mais o cheiro de novidade, a expectativa pelo que virá. Está tudo meio velho, talvez meio velho apenas no espaço que me cabe, ou em que me escondo. Espaço que não sei se faz parte do mundo de verdade, dos que manipulam com destreza aparelhos pequenos e cheios de códigos e respostas e sugestões e ordenamentos.
Aos poucos, meus passos ficam lentos e a velha dor se espalha pelo corpo. Quero mais tempo, mais reflexão, mais sossego. Perco-me no desencontro: o tempo que resta não é tanto, as demandas imediatas sufocam o pensamento e a sobrevivência se confunde com desespero.
Jamais saberei o que virá. Resta-me o silêncio cúmplice da dúvida – um espelho se põe diante de mim, a me mostrar um rosto que não conheço.