6:57Tiro na orelha

por Célio Heitor Guimarães

O nosso ensandecido Bozo está fazendo escola. E Donald Trump ganhou o seu Adélio Bispo. Só que nos States o pistoleiro tirou apenas uma casquinha da orelha direita do topetudo e foi morto pelas forças de segurança. Sabe-se que, lá, nesses casos, não se deixa atirador vivo.

Thomas Matthew Crooks, 20 anos, engenheiro recém formado, teria sido o autor do disparo em Trump. Utilizou um fuzil AR-15 semiautomático, comprado por um familiar. Ele era filiado ao Partido Republicano de Trump.

Ao condenar o atentado, o atual presidente Joe Biden afirmou que nos EUA as divergências são resolvidas nas urnas e não pelas armas. Nem sempre é assim, excelência. Remember Lincoln, Garfield, McKinley, Roosevelt, Kennedy e Regan.

Ainda não se sabe quais serão os efeitos do(s) disparo(s) de Crooks no pleito eleitoral norte-americano. De todo modo, há diferenças entre o facada de Adélio Bispo no abdômen do Bozo e o disparo de Crooks. Uma delas: o tempo. Ainda faltam mais de três meses para as eleições americanas, enquanto que a facada brasileira ocorreu praticamente às vésperas das eleições locais. Outra: Bozo era uma figura praticamente desconhecida, com uma carreira militar desabonadora e uma trajetória política obscura. A facada de Adélio deu-lhe visibilidade nacional e atraiu para sua controvertida figura a simpatia e a comoção dos eleitores.

Há ainda uma terceira diferença entre as eleições americanas e brasileiras, lembrada pelo cientista político e colunista de CartaCapital Josué Medeiros: “No Brasil, o antipetismo da direita abriu uma avenida para a extrema-direita”. E alavancou o golpista JMB.

Por enquanto, nos EUA, as reações ao atentado têm sido desencontradas. Enquanto a turma da esquerda descrevem-no como “uma operação falsa, encenada para fazer Trump parecer invencível e reforçar suas perspectivas eleitorais”, o pessoal da direita atribui o ato a “um complô interno”.  

A verdade é que, em terras de Tio Sam, o grande eleitor de Trump chama-se Joe Biden. O candidato democrata é mil vezes melhor do que o adversário republicano, mas tem sofrido com a senilidade. E isso não foi só constatado no debate presidencial de junho, mas no dia-a-dia do presidente. Os casos mais recentes ocorreram quando ele apresentou o presidente Zelensky, da Ucrânia”, como “presidente Putin” (da Rússia), e quando chamou a sua vice-presidente Kamala Harris de “Trump”.

Diante disso, talvez nem precisava a ação de Matthew Crooks.

Agora, com todo o respeito, que Donald ficou uma gracinha ao posar de vítima com um mimoso curativo na orelha direita, na convenção do Partido Republicano, isso ficou!

 

 

Uma ideia sobre “Tiro na orelha

  1. Jose.

    Uma curiosidade: se o maduro perder a eleição na Venezuela, qual será o discurso da turma da “esquerda” tupiniquim? Venceu a democracia ou foi golpe?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.