por Célio Heitor Guimarães
O nosso ensandecido Bozo está fazendo escola. E Donald Trump ganhou o seu Adélio Bispo. Só que nos States o pistoleiro tirou apenas uma casquinha da orelha direita do topetudo e foi morto pelas forças de segurança. Sabe-se que, lá, nesses casos, não se deixa atirador vivo.
Thomas Matthew Crooks, 20 anos, engenheiro recém formado, teria sido o autor do disparo em Trump. Utilizou um fuzil AR-15 semiautomático, comprado por um familiar. Ele era filiado ao Partido Republicano de Trump.
Ao condenar o atentado, o atual presidente Joe Biden afirmou que nos EUA as divergências são resolvidas nas urnas e não pelas armas. Nem sempre é assim, excelência. Remember Lincoln, Garfield, McKinley, Roosevelt, Kennedy e Regan.
Ainda não se sabe quais serão os efeitos do(s) disparo(s) de Crooks no pleito eleitoral norte-americano. De todo modo, há diferenças entre o facada de Adélio Bispo no abdômen do Bozo e o disparo de Crooks. Uma delas: o tempo. Ainda faltam mais de três meses para as eleições americanas, enquanto que a facada brasileira ocorreu praticamente às vésperas das eleições locais. Outra: Bozo era uma figura praticamente desconhecida, com uma carreira militar desabonadora e uma trajetória política obscura. A facada de Adélio deu-lhe visibilidade nacional e atraiu para sua controvertida figura a simpatia e a comoção dos eleitores.
Há ainda uma terceira diferença entre as eleições americanas e brasileiras, lembrada pelo cientista político e colunista de CartaCapital Josué Medeiros: “No Brasil, o antipetismo da direita abriu uma avenida para a extrema-direita”. E alavancou o golpista JMB.
Por enquanto, nos EUA, as reações ao atentado têm sido desencontradas. Enquanto a turma da esquerda descrevem-no como “uma operação falsa, encenada para fazer Trump parecer invencível e reforçar suas perspectivas eleitorais”, o pessoal da direita atribui o ato a “um complô interno”.
A verdade é que, em terras de Tio Sam, o grande eleitor de Trump chama-se Joe Biden. O candidato democrata é mil vezes melhor do que o adversário republicano, mas tem sofrido com a senilidade. E isso não foi só constatado no debate presidencial de junho, mas no dia-a-dia do presidente. Os casos mais recentes ocorreram quando ele apresentou o presidente Zelensky, da Ucrânia”, como “presidente Putin” (da Rússia), e quando chamou a sua vice-presidente Kamala Harris de “Trump”.
Diante disso, talvez nem precisava a ação de Matthew Crooks.
Agora, com todo o respeito, que Donald ficou uma gracinha ao posar de vítima com um mimoso curativo na orelha direita, na convenção do Partido Republicano, isso ficou!
Uma curiosidade: se o maduro perder a eleição na Venezuela, qual será o discurso da turma da “esquerda” tupiniquim? Venceu a democracia ou foi golpe?