por Tostão
Cresce no Brasil e em todo o planeta o desejo de que Vinicius Junior seja eleito pela Fifa o melhor do mundo no ano. Quando Vinicius passou a ser um guerreiro, símbolo da luta contra o racismo no futebol, havia o temor de que a responsabilidade e os desafios prejudicassem as suas atuações. Ocorreu o contrário. Ele se agigantou, percebeu que, quanto melhor jogasse, sua luta teria mais respostas positivas.
Vinicius Junior desperta em uma pequena minoria o ódio e o sentimento racista, por não suportarem a glória e alegria de um negro. É o racismo cultural, absurdamente presente há várias gerações.
Os grandes craques, em todas as atividades, são os que unem o enorme talento com a gana, a perseverança, a ambição de fazer cada vez melhor, de ultrapassar os limites, de ir além. Por outro lado, quanto mais alguém brilha, mais aumenta a pressão para ser campeão e o grande destaque. Alguns não suportam a pressão, diminuem a qualidade ou desistem por algum tempo para cuidar da saúde mental, como vimos com grandes atletas, especialmente nos esportes individuais.
Ainda é cedo para saber quem será o melhor do mundo deste ano, já que teremos ainda a final da Liga dos Campeões, além de jogos pela Eurocopa, pela Copa América e pelos campeonatos nacionais. Desde Kaká, em 2007, o Brasil não tem um craque eleito pela Fifa. Esse tempo coincide com as eliminações do Brasil nas últimas quatro Copas do Mundo.
Com a ausência de Neymar, Vinicius é, neste momento, o único grande protagonista mundial da seleção. O Brasil tem muitos excelentes jogadores em todas as posições, porém os fenômenos são decisivos para as conquistas de uma Copa do Mundo. Quem sabe Neymar volte a jogar como nos seus melhores momentos e, junto com Vinicius, entrosado com ele, encante o mundo.
*Publicado na Folha de S.Paulo