de Ticiana Vasconcelos Silva
Minhas mãos e pés calejados
De tanto suar
E contemplar o luar
E nada encontrar
Encontro-me
Na escuridão
Da esquina vazia
Com o seu não
Promovo-me sempre ontem
No passado que não cabe
Mas arde como fonte
De desejos e ensejos
Que nunca advêm
Da sua notória exclusão
De minh’alma
Viva e de oração
Faço, então,
Esta poesia
Por ser tardia
E tão sozinha
Na solidão vejo
O relógio analógico
E a tecnologia
A me desesperar
Sonho com um mundo
Onde tudo é grão
E no chão nos amaremos
Menos do que nos realizaremos
E, assim, pequenos
Nos vemos
Tão distantes um do outro
Se não pude saber
A sua sã intenção
E descoberta na lama
A minha chama
Se apagou
E o que restou
Foi o que clama
O silêncio
Neste lenço
De enxugar minhas lágrimas
Tão rápidas e demoradas
Tristes fomos
Como lâmpadas acesas
E na mesa eu ponho
Minha aliança
A lembrança
Do adeus
Que eu
Seja descoberta
Mas nunca adversa
À sua decisão
Pois não eu digo
E sigo só na multidão
enfuno as velas –
vida nova
navego
corrente forte
nruma perfumada
porto seguro
destino:
HORIZONTE