por Cláudio Henrique de Castro
Chega é o nome do partido político de extrema direita em Portugal.
A sua substância e sua forma de atuação não diferem da dos partidos fascistas de outras partes do mundo.
A bandeira eleitoral da luta contra a corrupção se sobressai nos seus estatutos. Contudo, não se explicam as doações sem identificação que recebeu de benfeitores anônimos ou desconhecidos na contabilidade de milhares de euros.
Defendem a liberdade e a igualdade, mas são elitistas quando excluem imigrantes e pessoas de outras nacionalidades.
Seu símbolo é a bandeira de Portugal, justamente para retirar o uso cívico desta imagem, descaracterizando-a e afastando quem pretenda usá-la como representação nacional e cívica. Igual fenômeno ocorreu no Brasil e nos EUA.
Fazem uso da violência, embora neguem. Volta e meia se envolvem em episódios de truculência, como foi a expulsão de repórter na Universidade Católica portuguesa, em janeiro deste ano, quando estavam numa conferência para simpatizantes.
As mentiras e as fake news são outro instrumento poderoso da propaganda partidária. Frequentemente há desmentidos quanto à números, estatísticas e mensagens que subvertem fatos e verdades científicas.
Os falsos paralelismos na discussão política são utilizados no debate político quando são confrontados com contradições e afirmações absurdas. Ao invés de as contestarem, apontam outros fatos de adversários políticos de forma genérica e vaga.
Negam a política, afirmando não serem políticos profissionais e estarem fora do “sistema”. Têm no primado da moral e dos bons costumes a sua base ideológica, como salvadores da sociedade corrompida e imoral. No Brasil isso faz-se por meio de setores religiosos eleitos por fiéis.
São contra os comunistas da Rússia de 1917, embora se saiba que o que combatem a história sepultou há mais de um século. Aliás, se autodeclaram fascistas, sem qualquer pudor quanto a isto.
Narram que há na sociedade conspirações secretas e com isso criam um imaginário disforme que somente os iniciados entendem.
Tem forte apelo aos jovens, conjugando a frustação e o ressentimento contra grupos e classes sociais não portugueses.
Questionam tanto a higidez do processo eleitoral, quanto a legitimidade das eleições e as urnas.
São a favor das privatizações e do desmonte do Estado social português.
Tudo isso demonstra a articulação de uma extrema direita internacional que exporta propagandas, discursos e formas de exclusão social para captar eleitores desavisados ou mesmo certos dessas bandeiras.
Os EUA, Brasil, Argentina, Hungria, Holanda, entre outros, experimentam e experimentaram uma dose disso tudo: a real tentativa de golpe de Estado e a construção de um estado anárquico liberal, onde os ricos ficam mais abonados e os pobres mais miseráveis.
Em resumo: a existência de partidos políticos que defendem a quebra da ordem constitucional não pode ser permitida; a liberdade partidária tem limites.
Uma Constituição não pode permitir o seu próprio fim.
É o “PCO” da direita, em resumo.
O PCO nem é partido no sentido factual da palavra, é uma legenda que se alimenta e se nutre do fundo partidário. Apenas isso.