6:49Às margens do rio Tibagi

por Célio Heitor Guimarães

Tide Mercer é, no mínimo, um pândego, no melhor sentido da palavra, que significa brincalhão, alegre, engraçado, chistoso. Grande figura, um tibagiense ou tibagiano de boa cepa! Quer dizer, nasceu, ama e vive na bela e histórica Tibagi dos Campos Gerais.

Já ilustrou os cartórios de Curitiba. Mas, agora, parece, vive merecida aposentadoria. Não por acaso, às margens do rio… Tibagi. Nos momentos de folga, atira os seus chistes pela internet.

Um dos mais recentes, merece ser repetido e divulgado para alegria dos eventuais não-frequentadores da rede.

Conta o Tide que, no Tibagi, em tais ocasiões, diz-se “Moringa gelo!”. E narra o fato: 

“Um senhor entra desesperado na farmácia e grita:

“- Rápido, me dê algo para a diarreia! Urgente! 

“O dono da farmácia, que era novo no negócio, fica nervoso e lhe dá o remédio errado: um remédio para os nervos. O senhor, com muita pressa, pega o remédio e vai embora.

“Horas depois, chega novamente o senhor que estava com diarreia e o farmacêutico lhe diz: 

“- Mil desculpas senhor. Creio que, por engano, lhe dei um medicamento para os nervos, ao invés de um remédio para diarreia. Como o senhor está se sentindo?

“O senhor responde: 

“- Cagado…, mas tranquilo. 

“Moral da História: Por mais desesperadora que seja a situação, se você estiver calmo, as coisas serão vistas de outra maneira”.

Assim é Athaide Leopoldo de Andrade Mercer, um sujeito temente a Deus, ótima criatura, amigo do amigos. Aliás, o pensamento de Tide se afina com o de Rubem Alves, ou seja, que nada adianta a beleza da poesia, da música e da natureza, assim como as delícias da boa comida e da bebida perdem o gosto e ficam meio tristes, quando não temos um amigo com quem compartilhá-las. 

Prova disso é que, um dia, Tide realizou um sonho de levar os amigos da Confraria do Cafezinho da Praça Zacarias, da qual eu fazia parte, para conhecer o seu burgo-natal, incrustrado no centro do Paraná. Foram, entre outros, Antônio Dilson Pereira, Jiomar José Turin Filho, Edson Dallagassa, Norberto Rossi, Very Ceccato, Paulo Castor e o digitador que vos digita. Quem tinha senhora, levou a sua. Só faltaram Márcio Augusto Nóbrega Pereira, Rosaldo Thá e Lício Portes.

Tibagi, para quem não sabe, é um formoso, bucólico e mui gentil território, cheio de história e talento, como diria um dos seus mais brilhantes filhos, o publicitário Sérgio Mercer, primo de Tide, que tão cedo nos deixou. Em tupi, Tibagi quer dizer “muita água”, mas a cidade bem poderia chamar-se “Mercerlândia”, pois ali quem não é Mercer, é agregado aos Mercer. Que o diga Leodegard de Almeida Taques. Ou Carmem Kososki.

Assim como a minha Lapa, Tibagi foi passagem dos tropeiros que faziam a rota Viamão (RS) – Sorocaba (SP). As cidades, aliás, têm os mesmos gostos e sabores: bolinho de polvilho azedo, quirera com frango ou leitão, arroz carreteiro, carne desfiada na moranga e uma boa variedade de doces caseiros. Tide acrescentou um quitute de sua própria confecção: paçoca de carne. Delícia que, manda a tradição, deve ser comida com a mão.

Saudade de você, velho Tide. Quem sabe ainda possamos inventar outra dessas? Se não for possível, daqueles dias às margens do rio Tibagi, pelo menos ficou uma certeza, também dita por Rubem Alves: ao lado de um amigo, jamais estaremos sós. E alegria maior não existe.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.