10:07Sônia Nassar, a atleticaníssima

por Sandro Moser, especial para UmDois Esportes

Nunca existiu uma atleticana como Sônia.

Nascida numa casa rubro-negra, bem do lado da Baixada, Sônia Regina Machado Nassar deu o drible da vaca na expectativa da sociedade para as mulheres de sua geração. Ao unir sua paixão pelo Athletico à inegável vocação, tornou-se precursora das jornalistas esportivas do país.

Começou como repórter da Rádio Guairacá, no início dos anos 1970, e logo ingressou na Tribuna do Paraná, onde trabalhou com grande destaque até o fim da vida. Eu mesmo aprendi a ler com os textos de Sônia Nassar sobre o Athletico.

Tudo é pioneirismo na carreira de Sônia. Primeira repórter a acompanhar o jogo no gramado. Primeira a entrar num vestiário e a fazer a tripleta multimídia em rádio, jornal e TV. Quando perguntavam se não sentia vergonha ao entrar em ambientes tão masculinos, ela respondia que “vergonha é perder a informação”.

Sônia era jornalista puro-sangue. Dava muitos furos e sabia tudo de bola. Tinha texto, coragem, cara-de-pau (no melhor sentido) e uma agenda espetacular com milhares de fontes, incluindo maîtres e garçons de restaurantes e bares frequentados por jogadores e dirigentes em várias cidades do país.

Ao superar o preconceito de gênero, abriu a estrada para várias gerações de jornalistas que se destacaram na cobertura do esporte no Paraná nas décadas seguintes.

Desde 2020, o grupo de torcedoras Atleticaníssimas leva aos jogos uma faixa com a imagem de Sônia e parte da sua mais célebre frase: “O Athletico é um Estado de Espírito”. O complemento da sentença é resumo irretocável da vida de gente como ela, eu e você: “Se ele vai bem, todos nós vamos bem. Se vai mal, sai da frente!”.

Sônia Nassar morreu em outubro de 2001, dois meses antes do nosso título nacional que ela merecia comemorar mais do ninguém. Desde então, a sala de imprensa do CT do Caju leva seu nome em muito justa homenagem que a eterniza na história centenária do clube.

Uma ideia sobre “Sônia Nassar, a atleticaníssima

  1. Raul Urban

    Trabalhei, comorgulho, ao lado da querida Sônia, no fim dos anos 1960, na gloriosaRádio Guairacá,onde, ainda estudante de Jornalismo, mas já profissionalizado, fui repórter e redator do também saudoso jornal “Redação Zero Hora”,presentado pelo igualmente saudoso Ivan Curi. Não repetirei o que foi dito pelo Moser sobe Sônia: assino embaixo, e sei do valor que ela tinha num momento em que a mulher começou aganhar força em nichos jornalísicos atéentão exclusivamente masculinos e machistas.
    Que Sônia tenha, agora e sempre, o lugar de honra onde merece estar – entre aqueles e aquelas que souberam dar o sangue, o amor e o suor por uma causa. Ela sempre será a grande Estrela que guia o Esporte. Nossa homenagem à lutadora Sônia que soube, no seu tempo, dar tudo de si.

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