de Carlos Penna Filho
Então, pintei de azul os meus sapatos
Por não poder de azul pintar as ruas
Depois vesti meus gestos insensatos
E colori as minhas mãos e as suas.
Para extinguir em nós o azul ausente
E aprisionar no azul as cores gratas
Enfim, nós derramamos simplesmente
Azul sobre os vestidos e as gravatas.
E, afogados em nós, nem nos lembramos
Que no excesso que havia em nosso espaço
Pudesse haver de azul também cansaço.
E perdidos de azul nos contemplamos
E vimos que entre nós nascia um sul
Vertiginosamente azul. Azul.