por Mário Montanha Teixeira Filho
Eu teria motivos para estar triste. Minha cabeça acumula lembranças, fracassos,
projetos que não se realizaram. Algumas frases tomam conta de mim, como a apertar o
cérebro cansado e fraco, e se libertam mansamente da boca, em direção ao mundo – ou
ao nada.
Eu deveria ser triste, suponho, por estar onde estou, cercado de imagens velhas,
corroídas, extemporâneas tanto quanto meu corpo. Mesmo assim, nenhum sentimento
me persegue. Vou só, desta vez em silêncio, para não ceder à tentação do
arrependimento.