SOCANDO PORTA DE QUARTEL
Tinha momentos divertidos. Não diria divertidos. Momentos em que os amotinados descansavam um pouco do combate contra as forças do mal. Então, fazia-se jogos. Pra passar o tempo sem percebermos que era o tempo que passava por nós. Teve o dia que o cabo Aparício, fazendo jus ao nome, apareceu na guarita. Ganhava o jogo quem tivesse mais informações sobre o cara.
– Primeira eu a falar. O nome dele é cabo Aparício – disse a Rainha Vitória que foi o apelido que demos à chata da Denaide.
– É coxa – afirmou Distúrbio da Paixão, afirmando já tê-lo visto num Atletiba de camisa verde-cochoski.
A brincadeira chegou num ponto que já não se sabia o que falar.
Foi o patriotário Organismo de Oliveira quem, lembrando as palavras de Jairembora, o grande lÍder das massas de tomate, disse:
– A trozóbia dele é torta para a direita.
Aquele silêncio. Silêncio esse cortado pelo vozeirão de Cloves Catinga de Mulato:
– Prove.
Ninguém estava ali pra provar trozóbia nenhuma, e o jogo terminou empatado.