Do Analista dos Planaltos

Sérgio Moro foi se queixar ao presidente Jair Bolsonaro. Não aceita ser apunhalado pelo PL, o partido do presidente, que patrocina ação pela cassação do seu mandato de senador. Pelo twitter, diz que é coisa de “maus perdedores”, que querem mudar o resultado “no tapetão”. Acusa seus autores de trabalharem “para o PT e para os corruptos”. Coisa estapafúrdia. Pura fakenews. A ação é assinada pelo presidente regional do PL, o deputado federal Fernando Giacobo, e pelo deputado federal e segundo colocado na eleição para o Senado, Paulo Martins.

Além da investida do PL, há também o parecer da seção de contas eleitorais do TRE-PR, já amplamente conhecido, que recomenda a desaprovação da prestação de contas de Moro e a consequente cassação de sua candidatura, antes mesmo da diplomação prevista para 19 de dezembro. O documento corre a céu aberto. E exala forte cheiro de irregularidades. Mesmo argumento da ação do PL, que corre em segredo de justiça.

“Sei da lisura das minhas eleições”, escreve em sua defesa o atacado. Mas, que eleições? Até onde se sabe, ele só disputou uma, a de outubro deste ano. A não ser que tenha participado clandestinamente de outras, quando era juiz. “Impressiona que há pessoas que podem ser tão baixas”, reclama o senador eleito, do alto dos seus 1,68 metro. A partir daqui, é lícito supor que se não tivesse contado com pessoas “tão baixas”, possivelmente sua obra na Lava Jato não tivesse o estrondo que teve.

A bem da verdade, lembre-se ainda que é “no tapetão” que Moro construiu sua reputação. Foi “no tapetão” que ele vazou grampo telefônico da então presidente Dilma Rousseff. Foi “no tapetão” onde escolheu seus alvos, selecionou convenientemente quem lhe dava mais holofotes e perseguiu inocentes, misturando-os a seu bel-prazer com malfeitores descobertos.

Marido da “conje”, Moro já buscou as “benções” do busto de Rui Barbosa para tentar assumir inspirado o mandato de senador, Mas corre o risco de tropeçar em crime eleitoral e não usufruir da nova ocupação que buscou incessantemente ao longo de seus 20 e poucos anos como juiz federal. Juiz parcial, como sentenciou o STF. Mas, ainda assim, juiz. Ou, se preferirem, operador do “tapetão”. Certo, Serjo?