O som da rabeca cortou o ar seco. Saía de um rádio velho no carro parado ao lado. Todos os vidros abertos. Quebra-vento virado para o motorista, um cabeça grande de óculos rayban. Ele não estava ali. Eu saí dali. Fui levado pelo som cortante, nordestino. De repente ouvi, juro, o gado saindo do cercado na manhã que se inicia. Chocalhos. Aboio. E veio mais som que me levou para perto daquele mandacaru onde coloquei a ponta do indicador no espinho. Que dor! Senti o espinho entrando no olho de Lampião. Mas tinha uma flor linda contra o verde e o céu azul. Depois fui ver o açude de água barrenta. Um cachorro latiu. O cheiro da terra. O cheiro das moças. Os cheiros. Lapada de cachaça antes da cerveja estupidamente. Onde estou? Alguém buzinou. Levaram a rabeca. Fiquei aqui. Ou lá?