6:21Multidões sem inocência

por Mário Montanha Teixeira Filho

Enquanto Jair Messias Bolsonaro, o facínora derrotado nas urnas, toma chá de sumiço, seus adeptos seguem inconformados e ferozes. A eleição de Lula trouxe alívio imediato. Passadas duas semanas, o monstro se recolheu, poupando o mundo dos seus pronunciamentos absurdos, das suas exibições de boçalidade, do seu fascismo tacanho. Desorientados pero no mucho, os autoproclamados patriotas, sob o patrocínio de uma escória empresarial, protagonizam bizarrices. Fecharam estradas, entoaram o hino nacional diante de pneus de trator, acreditaram em mentiras espalhadas por seus líderes e festejaram prisões que nunca existiram. Agora, se aglomeram na frente de quartéis, suplicando um golpe de Estado às Forças Armadas.

Deveria ser o capítulo final de uma distopia, o desfecho ridículo de um período de trevas que devastou as instituições. Não é. Bolsonaro poderá até ser descartado pelo sistema a que serviu. Talvez seja esse mesmo o destino que o espera. Os estragos que promoveu, todavia, permanecem. As multidões que gritam pelo fim da democracia, em nome de um conceito estranho de “liberdade”, como se o “fim da censura” (que acabou há mais de trinta anos) combinasse com o regime de exceção idealizado em suas palavras de ordem, essas multidões afirmam que o ódio, o rancor e a intolerância estão vivos.

Falta inocência a esse tipo de manifestação. Os atos “patrióticos”, na verdade, materializam, a seu modo, “valores e princípios” consagrados pelo bolsonarismo – e declarados sem reservas pelo Messias. Alguns deles: a homofobia, a transfobia, a misoginia, o racismo, o machismo, o canibalismo, a zoofilia, a pedofilia, a apologia do nazismo, da tortura e da morte, a corrupção e o pacto com milicianos. Ou seja, o horror.

Não era para Bolsonaro ter completado o mandato que lhe foi dado quatro anos atrás. Ele ganhou o respaldo de dezenas de milhões de votos, não se nega, mas isso nunca o autorizou a praticar os crimes que praticou. Crimes continuados, diários, comuns e de responsabilidade. Crimes que se agravaram com a medíocre reação à derrota, que o fez desistir do país que jurou governar (era tudo mentira, ora pois!).

Apesar da esperança, que foi renovada, não serão fáceis os dias que se anunciam.

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5 ideias sobre “Multidões sem inocência

  1. Jose.

    Do texto todo só se aproveita a última frase.
    O resto é mais do mesmo, com o rancor e cegueira de sempre, típicos de fanáticos, tanto bolsonaristas quanto petistas, o que só comprova de que são rigorosamente iguais.

  2. swissblue

    Fã de carteirinha do colaborador José. Tem salvo o blog; gosto de vir aqui ver as noticias do Brasil, acompanhar os fatos politicos, porem a defesa do thief man virou uma obsessao. Brasileiros acordem, estes larapios dilapadiram o patrimonio publico. Os cofres daqui estao cheios de dinheiro obtido ilegalmente. Cada figura que aparece aqui para ver o saldo bancario – sujeito nao consegue articular uma frase em ingles ou estar trajado adequamente, porem tem a conta gorda por Servicos de consultoria”. Consultoria?
    voce nao e capaz de formar 20 palavras sem cometer um afronto ao idioma patrio e quer dizer que cobrou aquele valor por seu sabio conhecimento. Come on!

  3. Sergio Silvestre

    Pega esse José e leve pra frente dos quartéis o corretor de Portuga.Esse nome aí e de alguma merda azul?

  4. swissblue

    Nao sabia que a Suiza pertence agora a Portugal. Deve ser mais um daqueles consultores que aparecem por aqui para ver os honorarios pagos por relevantes servicos prestados a nacao. BTW no sistema financeiro deixou de existir a figura de corretor. Ficamos sofisticados na profissao.

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