8:30NELSON PADRELLA

Eu queria estar (suspiro) no lugar da Rainha (sfash sfash sfash – som de escovação de dentes).
– Tás maluco, Dermerval? A Rainha está morta. ( fsss…fsss…fsss – som de escova de cabelo).
– Morreu para você, ingrata. Pra mim continua viva no meu coração – frase atribuída a Bolsonaro na reta final da campanha (mss…mss…msss…som de creme anti-ruga sendo espalhado no rosto).
– Amava-a? ( rccc…rccc…rccc – som de vestição do chambre de seda do marido).
– Mais que tudo. Ela e seu ouro, terras, pedrarias. O Poder Total! Os soldados! (…, …, … – som inaudível de colocação de algodão nos ouvidos, para dificultar a entrada de demônios).
– E amavas também aquele bruto, o russo. Do ruivo nem vou falar, todos ouviram teu áilofiú. Amas o Poder e só ele. (Smmm…sjff…fchhh…- som de madame subindo na cama).
– Amo também a ti, demônia, quando vestes a farda daquele rapaz. Mas amo mais o Poder. Não sei o que faria com ele, se o tivesse.
– O rapaz?
– Como?
– Não mais. Agora estás casado. Tricasado. Bibatizado.
– Biba, não.
– Olha quem vem dormir com a gente. Aqui, Dermerval, no meínho. Você é que nos une. Canta uma canção que fale de mortes e desgraças, que fale de Poder. Oh! Trazes batatinhas assadas. Maridão adora.

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