6:51NELSON PADRELLA

Maínha, às vezes, em meus sonâmbulos me vejo sendo um navio singrante de mares mal lavabos. Um contratorpedeiro, quizás, um sobremarino da maínha americana…
– Te vejo mais como o Titanic.
– Ah, Maínha, não tens uma palavra de conforto?
– Tenho que ser má contigo, Ananias (um dos nomes pelos quais era nomeado) para te fortalecer. Só a agrura fortalece.
– Quem te disse isso, anja?
– As pessoas dizem, sei lá, gosto de te sacanear. Me faz bem.
– Varejei, varejeira que sou, nos teus guardados na gaveta dos cem anos. Fiquei assim, ó, pasma. Pra começar anos não se escreve com u.
– Tinhas nada que bulir nos meus catecúmenos. Lá é tudo segredo de Justiça.
– Segredo que todo mundo sabe não é segredo.
– Por exemplo?
– Queres que eu fale, Tchutchuca ao Vinagrete? Vamos lá. Aquele lance do quartel.
– Te referes ao meu ato heroico e patriótica de explodir tudo, Anjócia?
– Não. Daquela sabonetância desgarrada nos banheiros.
– Entendes agora o lance dos cem anos?
– Não, capivara. Nem eu e nem os leitores.

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