O Antagonista
Em outubro, quando a vacinação de crianças começava a ser discutida, um homem enviou emails a servidores da agência com ameaças de morte
A Polícia Federal concluiu que o paranaense Douglas Bozza cometeu crime de ameaça contra cinco diretores da Anvisa. Ele enviou e-mails dizendo que iria matar quem “atentasse contra vida de seu filho” por causa da obrigação da vacinação contra Covid.
O inquérito foi aberto em outubro e concluído no mês passado. Na época em que o e-mail foi enviado, a agência começava a discutir a vacinação de crianças a partir de 5 anos.
Na semana passada, depois de aprovar a imunização da faixa etária, a Anvisa voltou a ser alvo de ataques. Jair Bolsonaro pediu até que os nomes dos servidores responsáveis pela decisão fossem divulgados. Ontem, uma nova investigação foi aberta.
Douglas Bozza escreveu no e-mail em questão:
“Deixando bem claro para os responsáveis de cima para baixo: quem ameaçar, quem atentar contra a segurança física do meu filho, será morto.”
Na conclusão do caso, o delegado afirmou que “restou claro” que o e-mail seria mais que uma ameaça e “ocasionou considerável temor nas vítimas”.
“Tal ameaça se torna, ainda mais preocupante para as vítimas, em virtude do atual momento pandêmico que o país atravessa, aliado à polarização político-ideológica que se espraia no terreno das ciências, tornando simples factoides em verdades absolutas, a serem defendidas com o próprio sangue, se for entendido como necessário.”
A PF, entretanto, por se tratar de crime com menor potencial ofensivo, não indiciou Bozza. Caberá ao Ministério Público Federal decidir se denuncia ou faz um acordo para transação penal. A pena prevista para esses casos é de 1 a 6 meses de prisão ou multa.