6:25LEROS

de Carlos Castelo

  • A sede, na avenida Presidente Wilson, teve momentos febris. Tanto pela saúde frágil da maioria dos imortais, como pelas discussões acaloradas em meio aos chás ingleses e biscoitos de gengibre. A Academia Brasileira de Letras precisava se proteger e salvaguardar seus integrantes diante de uma pandemia interminável. Após horas de tratos, distratos e destratos terminou a votação. Agora é oficial: a ABL exigirá que seus 40 componentes apresentem, além de comprovante de vacinação, atestado de óbito. Exceção feita – manifesta haud indigent probatione – aos 20 membros perpétuos.
  • O policial militar Porciuncula, que comanda a Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura, foi a OEA. A ideia era explicar se a liberdade artística e cultural está sendo cerceada no país. Cito alguns trechos de sua fala:

“A cultura é a pedra angular onde o exercício da civilização é brotado e germinado”.

“A cultura é como uma heráldica mística sagrada tremulando”.

“A cultura, “esse algo místico, esse algo indescritível, que pertence tão peculiarmente ao nosso povo, consegue se expor e se maravilhar nessa coisa fantástica que chamamos de comunidade”.

Não sei se é possível afirmar que a liberdade artística e cultural está sendo coibida no Brasil. Mas o termo cultura é, com toda certeza, pessimamente compreendido pelo policial militar. Inclusive, se alguém souber o que é “heráldica mística sagrada”, favor mandar inbox. 

  • Jair Renan teria usado sua empresa “Bolsonaro Jr Eventos e Mídia” para promover transações entre o grupo que controla a Gramazini Granitos e a Mármores Thomazini com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. Pelo meio de campo, ganhou um carro elétrico de R$ 90 mil. Parafraseando aquele vaidoso baiano: “a força do granito que ergue e destrói coisas belas”.

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