DIÁRIO DA GRIPEZINHA
Marylin me faz perguntas de difícil resposta. Perguntou se o inumano é inimputável. Não sei, Marylin, nem sei nem se o Sem Noção existe mesmo ou se é uma boneca inflável, ou um desses robôs que você dá corda e ele anda. Mas, com o avanço da CPI, não vamos demorar pra saber. “A Justiça só é justa quando é implacável” – disse a menina. E olha que ela nem cérebro tem e já me sai com uma dessas. Jolim dorme no colo da gata. Agora não se estranham mais. “Sempre quis ter um cachorro,” – ela diz. Cachorros são animais fiéis a si mesmos. O sacana do Jolim me escanteou e agora só dorme no colo da boneca. Hoje tem reunião dos condôminos, e a síndica foi convidada a não comparecer. Trataremos de assuntos pertinentes, como sempre: Será votada a moção, seja lá o que isso signifique, que desbeneficia o advogado, que tinha sido contratado para substituir Dona Humildes, e agora que a gaiata retomou seu lugar, a presença do biltre tornou-se incômoda. Também queremos manipular o direito de nos reunirmos para promover festas sem obrigação de comunicar à síndica ou pedir permissão. Mal as pessoas começavam a chegar para a reunião, a síndica pintou no pedaço, escoltada pelo marido que não apita nada e pelo serviçal que advoga em causa própria. Trancou o salão nobre, escondeu a chave entre os seios e foi embora sem olhar pra trás.
Filme: VAGAS ESTRELAS DA URSA (Luchino Visconti dirige Claudia Cardinale e Jean Sorel neste drama em P/B, de 1965). A história se passa num céu estrelado. É estrela pra cá, é estrela pra lá, até que o mais estrelado de todos ficou na mira da CPI. Tiozinho virou numa ursa.