É preciso ir para ficar
Porque amar é se entregar
Ao mistério e às incoerências
É fazer menor a distância
Entre o sol e a lua
É a inconstância de saber dizer
E não querer saber
É dar as costas à imagem
E contemplar as insignificâncias
Pedra, gota d’água, grama, beija-flor
E a dor que é apenas uma lágrima
Vícios de uma madrugada
Onde se desperta a alma alada
Perde-se cedo
Dorme-se tarde
Mas a vida é mesmo o Deus do nada
O vazio transbordou
E o que era triste se transformou
Na luz, no calor do amor
Vênus à direita
Espreita e caminha
Ao lado de quem é companhia
Na solidão do abraço
Laço que se desfez
De um século, uma vez