DIÁRIO DA GRIPEZINHA
Criei coragem e desci até as garagens. Pensei em levar Marylin para tomar sol, mas a síndica poderia maldar. Ou mesmo Jolim. Quem tomava sol era o gato que volta e meia achavam um banho para ele. Em resposta, o bichano não ofertava rato morto pra mais ninguém. Tinha uma nesga de sol, fui assolar-me. Repor vitamina D. Sentei num dos bancos da Ala Sul, que pega o sol da tarde. Me arrependi de não ter trazido Marylin, ela aproveitaria esse pouco de sol. Ou mesmo o animal. Poderia ter trazido os dois. A menina eu carregaria nas costas, o pet traria no muque. Me fariam companhia enquanto nos alimentávamos de vitamina D. Estava ali, pensando na morte da bezerra, assim como quem não quer nada, quando aquela senhora me aparece do éter, ela e mais seu escudeiro, e informou que vinha me aplicar vacina. Eu não tinha medo de virar jacaré. Meu medo era ser transformado numa osga. Pensou, virar osga? Sapateei, fiz manha, mas acabei arriando a calça. A aplicação era no braço. Ergui a calça, e fiquei pensando na morte da bezerra enquanto a vacina salvava minha vida. Fiquei emocionado e falei para a chusma que todos deviam se vacinar. Me informaram que todos já tinham sido vacinados, e que só faltava eu e um outro, mas o um-outro botou em segredo de justiça por 500 anos.
Filme: TRES IRMÃOS (direção de Francesco Rosi, com Philippe Noiret, Michele Placido e Andréa Ferréol). Num país muito longe daqui, três irmãos tinham os nomes de Zero Um, Zero Dois e Zero Três, para combinar com o nome do pai que era Zero-Zero. Cenas vergonhosas de rachadinhas. Hambúrgueres na Embaixada. Fake News. Manipulações. Escândalos. O diabo a quatro.