por Mário Montanha Teixeira Filho
Em 2013, novas alternativas pareciam brotar das ruas repletas de gente cansada da mesmice. A experiência foi ruim. O que se produzia sob o comando de gritos confusos naquele junho heterodoxo era, na verdade, um monstro, o embrião de Bolsonaro e seu exército de homens feios. Monstro a engolir o futuro, que desmanchou as bases institucionais ainda frágeis que havia, promoveu a violência, propagou a mentira, o ódio e o medo, para entregar o pesadelo de agora.
A Lava Jato, o golpe parlamentar carimbado pelo Judiciário, o esmagamento de direitos, o trabalho precarizado, a miséria espalhada por tudo, a peste e a corrupção. E a morte aos montes. E a gente sem ar, e os corpos sem covas, e os pratos sem comida, os rios que desapareceram, a esperança que deixou de ser. Eis a síntese do tempo ferido, a marca do bolsonarismo na exposição macabra do corpo decadente do seu chefe: a força escatológica das trevas, o horror.
Tudo o que se disser será repetido, já dito. Os que esperam, os que se calam, os que sustentam a maldição, os que fingem que nada acontece, todos eles são coautores do crime, artífices da barbárie. Uma pergunta, a que fica, incomoda e insiste, é a que vem das sombras de um passado conhecido: o outro dia que vai ser, quando será?