Brincava no galinheiro e as galinhas sabiam que naquele menino podiam confiar. Ele levava milho que elas bicavam em sua mão. Dele recebiam um afago nas penas do pescoço. Nunca um gesto rude contra elas. No começo o galo de penas vermelhas lhe corria atrás; agora, o rei do terreiro aceitava aquela presença, mas nunca deixava de bater as asas e soltar a voz quando ele entrava no terreiro.
A mãe com a faca na mão escolhendo o prato do domingo. Que não escolhesse a Tatá; fosse outra, menos a Tatá. Chamava de Tatá porque quando ele se agachava e batia com a palma da mão no chão e dizia ta, ta, ela vinha correndo buscar por ele. A mãe na faina de capturar uma delas, qualquer uma, para o almoço de domingo. Elas fogem assustadas, quase adivinhando o que iria se passar; o galo xinga a invasora em sua linguagem de ave. A mãe ordena “me ajude”, mas a criança não quer. O que ele quer é salvar Tatá e na sua inocência agacha-se e bate com a mão no chão, ta, ta. Obediente, a ave busca aquela proteção. Com a amiga nos braços ele olha para a mãe. Ela diz apenas “dá aqui” e o menino obedece.