Ken Parker, o “Rifle Comprido”
por Célio Heitor Guimarães
Se o amável leitor cansou de ler aqui sobre Bolsonaro, Pazuello, Lula, Gilmar, Lewandowski, Renan, Aziz e outros bandidos do cenário político/público nacional, anime-se: hoje, só falaremos de “mocinhos”, heróis de papel que fizeram e continuam fazendo a alegria de todos nós, leitores de gibis.
É que a Mythos Editora, de Dorival Vitor Lopes e Hélcio de Carvalho, que nos brinda já há alguns anos, com as aventuras de Tex Willer, Kit Carson e seus parceiros do velho oeste, e com o velho O Fantasma, de Lee Falk, está anunciando para junho a volta do inesquecível Ken Parker, dos italianos Giancarlo Berardi e Ivo Millazo. O material será baseado na coleção italiana da editora Mondadori, com duas histórias por edição, num total de 50 volumes.
Ken Parker chegou ao Brasil, na década de 70, pela então dinâmica Editora Vecchi. Depois, passou pela Best News, em apenas duas edições, Ensaio e Mythos, até chegar ao CLUQ – Clube dos Quadrinhos, do editor e dedicado quadrinhólogo Wagner Augusto, através do selo Tapejara/Tendência, em 59 primorosas edições, mais alguns álbuns especiais, inclusive a cores, já devidamente esgotados. Em 2001, a Mythos já havia oferecido também o personagem, em 18 edições.
Parker foi criado em 1974 pelo argumentista Giancarlo Berardi e pelo desenhista Ivo Milazzo, para ser uma única edição especial, mas o sucesso foi tamanho que o editor Sergio Bonelli transformou-o em uma série especial, lançada em 1977 e que durou até 1984.
Diferente de Tex Willer, Kenneth Parher é quase um anti-herói. Caçador de peles; às vezes, batedor do Exército; outras, xerife, detetive e até escritor, ele não perde jamais a identidade, o idealismo, a generosidade e a elegância. Como afirmou Marcos Faerman, “as histórias de Ken Parker ora pendulam para um poema da natureza, com tons épicos, ora para o western intimista”.
Na verdade, ele é um cavaleiro solitário, que está sempre chegando e partindo, não tem um local exato para ação e não compartilha com ninguém as suas aventuras, a não ser com o inseparável fuzil Kentucky de cano longo. Daí o apelido de “Rifle Comprido”, que dá título à primeira história. Foi inspirado em Jeremiah Johnson, do filme “Mais Forte que a Vingança”, de 1972, estrelado por Robert Redford, que ofereceu, inclusive, a feição ao personagem.
Mas não é só: a Mythos deverá lançar brevemente um novo título chamado “Almanaque Nostalgia”, trazendo de volta alguns dos mais heróis dos quadrinhos de todos os tempos, clássicos como Nick Holmes, Jim das Selvas, Agente Secreto X-9, Reizinho, Mandrake e Pafúncio e Marocas, entre outros. E haverá, ainda, a publicação de um livro com a trajetória do Recruta Zero, com comentário de Mort Walker, também criador de outros personagens animados.
Tudo herói do meu tempo, da chamada “era de ouro” dos quadrinhos. Sobre os quais me referi no livrinho “HQ – A Arte que está no Gibi”, por mim editado, em mínimos exemplares, no ano passado. É importante que as novas gerações de leitores de quadrinhos, cada vez mais minguadas, tomem conhecimento deles e usufruam um pouco da essência dos gibis.
Que o futuro do passado chegue logo!
Minha infância foi cercada por faz de conta,Fantasma que anda,os pigmeus da selva,Diana e um mundo onde as cachoeiras imaginarias eram cristalinas,onde as florestas eram protegidas pelo Fantasma e não pelo nosso ministro do meio ambiente.