DIÁRIO DA GRIPEZINHA
Jolim entrou em crise existencial por não ser um desses cães-detetives, que detectam o vírus da Covic com mais de 90 por cento de precisão. Estava lá, abatido, orelha murcha, se queixando de ter levado os estudos na flauta, faltando aulas, fumando maconha. “Minha juventude foi uma vida cachorra” – me disse. Eu ali, olhando para a cara dele. Daí, me disse o dog: “Deixa eu cheirar você. Preciso recuperar o tempo perdido”. Marylin, sentada no sofá de sempre, torceu o nariz, não sei se de ciúme. Falei bem sério, para ele entender: “A mim ninguém cheira”. A manhã passou tranquila, mas de tarde, esse rapaz já me veio com novidade. Disse: “Quem usa a toda hora o nome de Deus, como se fosse uma muleta, não acredita realmente nele”. Pensei cá comigo: “Esse cara ainda vai acabar me arrumando confusão”. Pra deixar o amigo feliz, concordei: “Tá bom, pode me cheirar”. O que ele fez com toda atenção. Ao fim, veredictou: “Você não está infectado”. Entendi que ele utilizava o método do Achismo, que não se aprende em escolas, mas na vida e, se calhar, nas rodas de fumo. Para deixá-lo feliz, agradeci com um “Deus seja louvado”. Me olhou, de cima a baixo: “Não acredita, né?”
Filme: UM VERÃO PARA TODA A VIDA (direção de Rod Hardy, com Daniel Radcliffe, Lee Cormie, Christian Byers). Nas promessas de campanha, o Prometido prometia que o mar ia virar sertão e o sertão ia virar mar, o que, aliás, qualquer imbecil pode prometer, se tiver antes combinado com Deus. Mas, se ele era o próprio Deus, com quem combinaria? Diante do espelho das águas fez a promessa a si mesmo, de matar 35.000 brasileiros, implantar tortura e pena de morte, além, de outras maldades, e até agora tem se saído melhor do que a encomenda. Sua frase de campanha é: “Verão que um filisteu não foge à luta”.