Do Infomoney
A Petrobras anunciou nesta sexta-feira (16) que seu conselho de administração aprovou a eleição do general Joaquim Silva e Luna para ser o novo presidente da companhia.
Além dele, o conselho elegeu quatro novos diretores, enquanto outros três foram reconduzidos aos seus cargos.
Foram eleitos: Rodrigo Araujo Alves, para a diretoria Financeira e de Relações com Investidores; Cláudio Rogério Linassi Mastella, para Comercialização e Logística; Fernando Assumpção Borges, para Exploração e Produção; e João Henrique Rittershaussen, para Desenvolvimento da Produção. Todos são funcionários de carreira da Petrobras.
Além deles, foram reconduzidos Nicolás Simone, como diretor de Transformação Digital e Inovação; Roberto Furian Ardenghy, como diretor de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade; e Rodrigo Costa Lima e Silva como diretor de Refino e Gás Natural.
Para a escolha dessa nova equipe de diretores, a Silva e Luna disse que sua intenção foi valorizar as “pratas da casa sem indicações políticas” de forma a fazer uma transição tranquila. Esses diretores colocaram os cargos à disposição em meio ao processo de demissão de Roberto Castello Branco.
O executivo deixou oficialmente a presidência da estatal na última segunda após ser alvo de severas críticas de Bolsonaro no início do ano. Castello Branco foi demitido no dia 19 de fevereiro pelas redes sociais, um dia após ser acusado de ser insensível às dificuldades de consumidores em arcar com a alta dos preços dos combustíveis neste ano.
O foco da desavença foram os caminhoneiros, uma importante base eleitoral do presidente da República. Diante dos sucessivos aumentos de preços do óleo diesel neste ano, a categoria ameaçou repetir a greve histórica que parou o País em maio de 2018.
Neste cenário, Bolsonaro decidiu realizar a troca no comando da Petrobras, apesar de reiterar diversas vezes que não iria interferir na companhia e em sua política de preços.
Quem é Joaquim Silva e Luna
Natural de Barreiros (PE), Silva e Luna nasceu em 29 de dezembro de 1949 e tem 71 anos de idade. Atuava até agora como presidente da usina binacional de Itaipu, cargo que ocupava desde 2019, ele é general da reserva do Exército.
Silva e Luna foi o primeiro militar a comandar o ministério da Defesa, durante o governo Michel Temer, assumindo o cargo em fevereiro de 2018 e ficando até o fim do mandato do ex-presidente.
Nos bastidores, é visto como uma pessoa da confiança do presidente Jair Bolsonaro.
No Exército, Silva e Luna comandou o 6º Batalhão de Engenharia de Construção (1996-1998) em Boa Vista (RR), e a 16ª Brigada de Infantaria de Selva (2002-2004), em Tefé (AM).
Atuando em Brasília, foi diretor de patrimônio (2004-2006), foi chefe do gabinete do comandante do Exército (2007-2011) e chefe do Estado-Maior do Exército (2011-2014). Ele também atuou na Missão Militar Brasileira de Instrução no Paraguai e também foi adido em Israel de 1999 a 2001.
Indicado para presidir uma das maiores petroleiras do mundo, o general não tem no seu currículo oficial experiência ou formação na área, mas a sua experiência no comando de Itaipu teria sido levada em conta na escolha de Bolsonaro, segundo informações do jornal O Globo. O militar é considerado “moderado”, “discreto” e que não se envolve em questões políticas.
A indicação de Silva e Luna para a presidência da Petrobras não foi bem recebida pelo mercado, que apesar da frustração com a saída de Roberto Castello Branco nutria alguma expectativa de que um executivo experiente pudesse substituir o ex-CEO.
A interpretação feita por economistas e analistas é que o último cargo de Luna, à frente da usina hidrelétrica de Itaipu, na fronteira com o Paraguai, está distante da presidência de uma das maiores empresas do Hemisfério Sul. Mesmo assim, Luna e pessoas próximas a ele dizem que o nervosismo do mercado não se justifica.
Em entrevista à agência de notícias Reuters, José Carlos Aleluia, conselheiro de Itaipu, disse que Luna é conhecido por seus modos “espartanos” e que as atitudes ascéticas de Luna também se refletem em um desdém pelo excesso e pela redundância.
Entre as decisões mais aguardadas, está a forma como o novo CEO lidará com os preços dos combustíveis. Com as últimas declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre os preços do gás natural cresceu no mercado a aposta de que Luna pode, sim, alterar a política de preços da estatal.
Em reportagem anteriormente publicada pelo InfoMoney, especialistas defenderam que o presidente não teria trocado o comando da Petrobras e feito diversas críticas à gestão de Castello Brando e a política de preços da empresa para depois deixar a estratégia da petroleira intacta.