8:23O livro da vida de Scalco

por João Arruda, jornalista

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Nestes tempos pandêmicos e de confinamento, parentes e amigos do gaúcho-paranaense Euclides Scalco têm sido brindados com um presente singular. O livro “Euclides Scalco – O homem, seu tempo e sua história” está chegando até eles como um alento ao resgatar a trajetória de um personagem que mergulhou de corpo e alma na política paranaense e brasileira (com todas as suas artimanhas e armadilhas) e dela saiu maior do que entrou. Não foi uma tarefa fácil resgatar em palavras e imagens históricas a longa trajetória pessoal e pública de Scalco, seja pelo seu posicionamento inicial avesso à empreitada – só vencido com a condição de a obra ter uma circulação restrita, sem nenhum cunho comercial -, seja pela pesquisa detalhada no Brasil e no exterior que o projeto demandaria. Coube a Marcos Antonio Bastiani, sobrinho de Scalco, arquiteto e autor de outros três livros, a tarefa de costurar uma narrativa minuciosa e envolvente que muito revela do personagem-título em suas incansáveis lutas e também do cenário institucional que moldou o Paraná e o Brasil nas últimas décadas.

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Gaúcho de Vista Alegre do Prata, Scalco fez do Sudoeste paranaense, em especial a cidade de Francisco Beltrão, onde atuou como farmacêutico-bioquímico, vereador e prefeito, o berço de uma caminhada histórica marcada pelo envolvimento nas lutas sociais, com especial atenção à explosiva questão agrária na região Seu esforço pelo desenvolvimento e um aguçado senso de liderança o levariam a altos degraus da República. Deputado federal por três legislaturas, ele ajudou a escrever a Constituição Cidadã de 1988, foi chefe da Casa Civil do Governo José Richa, ocupou o cargo estratégico de Ministro-Chefe da Secretaria Geral da Presidência da República do Governo FHC, e ainda teve sob seu comando a hidrelétrica de Itaipu, a maior do mundo em sua época.
Discreto, severo em seus princípios, ouvinte atento e conhecedor como poucos dos bastidores da política em períodos desafiadores, Scalco é identificado nos inúmeros testemunhos reunidos pelo livro como “um homem notável” que “serviu com lealdade ao governo e ao país”, nas palavras do próprio FHC na introdução da obra. Ou ainda como o homem que soube “caminhar sobre o aguçado fio de uma navalha”, mas conquistou o mais difícil, “principalmente nos dias de hoje: o respeito dos amigos, companheiros e adversários”, conforme atesta no texto de apresentação o amigo de muitas lutas Deni Lineu Schwartz. A esposa, Therezinha Marcolin Scalco, incentivadora da obra, é também testemunha de um tempo de muitas batalhas e riscos e de como Scalco sempre se mostrou  “comprometido em melhorar a vida de todos, dentro de suas possibilidades e com humildade”.

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Mais do que tudo, a obra eterniza um período de transformação do Estado e do país, e revela pelos caminhos trilhados por Scalco como figuras públicas comprometidas com o presente e o futuro dão uma contribuição impagável para uma nação com mais justiça, democracia e qualidade de vida. E por isso mesmo não poderia ser mais oportuno. Uma obra “familiar”, o livro teve como organizador Carlos Henrique Scalco, filho de Scalco.

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