Estamos no carro dos pamonhas, morrendo de medo, numa estrada que parece não ter fim, esburacada, enlameada – e trafegamos em velocidade máxima no escuro. Não há freio, o volante sumiu e, atados, esperamos. Nos apegamos e rezamos aos santos, aos orixás e parentes que já se foram, esperando que algo aconteça e nos livre do pesadelo real. Atados ao banco, conseguimos enxergar cadáveres iluminados pela luz tênue dos faróis. São milhares que não param de se amontar e o desespero da falta de ar molda a máscara rígida de seus rostos. Escutamos um riso assustador de alguém que parece comandar o terror, mas há muitos outros, gargalhadas até, daqueles que o seguem e acham que é isso mesmo, já que todos vamos morrer um dia.
O que esperar quando elegeram o mais medíocre dos deputados para conduzir a nação.
Os interesses políticos estão acima da saúde pública, acima de tudo, inclusive dos poderes.
Nem se pode apelar para a esperança, enquando ainda vivermos a aberração. Vivemos o acaso, quando o preço da vida é insignificante.
210 milhões de habitantes reféns da incompetência, do jogo político, a gente somos inúteis….