por Alvaro Costa e Silva
Instituições se deixam contaminar por políticas favoráveis ao presidente
Não é só a Covid. A bolsonarização também avança no país. Segue o último boletim com os sintomas da doença:
Na compra da mansão de R$ 6 milhões no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, rolou um ménage à trois: a juíza que ajudou a fazer um parecer a favor do senador Flávio Bolsonaro no caso das rachadinhas, no Superior Tribunal de Justiça, é namorada do ex-dono do imóvel negociado com o filho 01. No Rio, o Ministério Público dissolveu o grupo que investigava Flávio e o vereador Carlos Bolsonaro em esquemas de corrupção. Em outra mudança, a promotora Carmen Eliza Bastos de Carvalho, bolsonarista de vestir a camisa, foi transferida para o inquérito sobre lavagem de dinheiro que envolve o senador.
A segunda turma do STF rejeitou por três votos a dois a denúncia contra o presidente da Câmara, Arthur Lira, pela prática de crime de organização criminosa. A decisão —que beneficiou três outros parlamentares do centrão— contou com o voto decisivo do ministro Nunes Marques, indicado por Bolsonaro para a vaga de Celso de Mello.
O governador interino do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, vetou o projeto de lei que autorizava a compra de vacinas fora do Plano Nacional de Imunização. Castro tem se destacado na função de valet de chambre de Bolsonaro.
Principal fabricante de hidroxicloroquina no Brasil, a Apsen Farmacêutica assinou em 2020 contratos de empréstimos com o BNDES no total de R$ 153 milhões, valor sete vezes maior que o crédito liberado para a empresa nos 16 anos anteriores. O presidente da Apsen, Renato Spallici, comemorou um faturamento recorde de quase R$ 1 bilhão durante a pandemia. Spallici é apoiador de primeira hora de Bolsonaro, que propagandeou o medicamento sem eficácia contra a Covid até para as emas do Palácio da Alvorada.
Quanto renderá —e para quem— o spray nasal miraculoso de Israel?
*Publicado na Folha de S.Paulo
Covidização do país avança com Bolsonaro