6:29NELSON PADRELLA

DIÁRIO DA PANDEMIA

Fui na casa da mãe buscar vacina, mãe disse que não estava sabendo de nada. Perguntou se eu tinha escutado direito, se o cara não teria dito Manoel em vez de mãe. Já que eu estava perto da bodega do “seu” Manoel, não custa nada. Fui lá conferir se era ele quem tinha a vacina. Me respondeu que vacina não tinha, tinha croroquinhas e supositório, este muito procurado em Santa Catarina. Já as croroquinhas, me informou, tinham sido ali deixadas pelo General Postergado de Almeida, e o portuga ganhava comissão na venda do produto. Descobri que aqui no bairro todo mundo já tinha croroquinhas para vender e os vendedores apregoavam que na minha mãe é mais barato, o que causou rebuliço no rebanho porque nem todos tinham mãe, levadas pela peste, até que veio um cara e perguntou, muito procedentemente de qual mãe estávamos falando. Porque mãe é a Pátria, tem a mãe da gente, que é sagrada, e tem a mãe que medra na boca dos malcriados. Aproveito o ensejo para informar aos brasileiros que se suas mães estiverem vendendo vacina, como sugeriu o Presidente, elas estarão cometendo crime de responsabilidade administrativa, seja lá o que isso signifique.

Filme: A MORTE PEDE CARONA (direção de Robert Harman, Rutger Hauer e C. Thomas Howell – 1986) – No ano de 1621, a peste grassava. O único remédio que podia combatê-la era a clorofila. Em algumas regiões, sem resultado prático, era utilizado o método de encuzamento das folhas verdes da clorofila. Era feito uma espécie de boneca com tufos dessa erva e o cara sentava na boneca. O resultado era nulo, mas o reizinho se divertia. Então, um misterioso incêndio devastou toda a floresta de clorofila, e o reizinho declarou: “Não posso fazer nada”.

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