16:32A distribuição de renda e os brioches

por Claudio Henrique de Castro

O naufrágio da economia está acompanhado da perda de milhares de vidas e do desamparo aos milhões de trabalhadores e empresas.

A insensibilidade e a incompetência governamental trouxeram a catástrofe.

Estamos numa guerra sanitária, mas os bancos e os bilionários brasileiros nada tem a ver com tudo isto. Aliás, diversos setores torcem para a marcha das privatizações das joias da coroa, isto é, das empresas estatais estratégicas e lucrativas.

As pequenas, médias e até grandes empresas estão amargando enormes prejuízos, demissões em massa, e não podem contar com o governo ou com as instituições políticas.

Nem se fala em empréstimos com taxas reduzidas – mas adiantaria de alguma coisa? Endividar empresas é prorrogar a falência no médio prazo, com a execução das dívidas pelos financistas.

Temos que ter um plano de reconstrução econômica nacional que tribute as bilionárias instituições financeiras, que faturaram 61,6 bilhões em 2020, sem nenhuma exigência fiscal decente. Por quê?  O “Mercado” não permite isto.

Será que somos reféns do atraso?

A Constituição prevê uma política econômica que incentive o desenvolvimento econômico das pequenas, médias e grandes empresas brasileiras. Nada disso está sendo feito.

Muitos discursos e pouquíssimas ações nesta área fundamente tem surgido. Resultado: O Brasil despencou da sexta para a décima segunda economia do mundo – e continua caindo.

Sim, podemos legalmente distribuir renda para as empresas que faliram e aquelas que estão à beira de fecharem, com subsídios governamentais, mas vinculando tais recursos públicos à empregabilidade.

Com parâmetros fiscais é possível criar faixas de incentivos financeiros governamentais, a fundo perdido, para as pequenas, médias e grandes empresas brasileiras. Em resumo: pagar com dinheiro público para que elas existam e empreguem.

Os recursos estão aí, nas grandes fortunas, nos bilionários rendimentos do mercado financeiro, nas transações das bigs techs, que no Brasil não recolhem nenhum tostão sobre os seus lucros.

A renda mínima denominada de auxílio emergencial está paralisada e, ainda por cima, em valores irrisórios. Iso também é outro deboche com a vida.

A distribuição de recursos financeiros fez florescer a Europa devastada pela segunda guerra mundial, o New Deal americano incluiu milhões de pessoas na economia.

Além de garantir uma renda mínima permanente é necessário tributar as frandes fortunas e distribuir esses recursos às empresas brasileiras, vinculando-os à empregabilidade.

A garantia constitucional do pleno emprego está lastreada por uma atitude ética e sustentável e necessita de decisão e apoio governamental.

A rainha da França, Maria Antonieta, em 1782, disse aos camponeses famintos que não tinham pão para se alimentar: “  ̶  Que comam brioches” (Qu’ils mangent de la brioche). E é isso que o Congresso Nacional e o Poder Executivo têm dito aos trabalhadores, aos desempregados, às vítimas da pandemia e aos seus familiares, aos pequenos, médios e grandes empresários.

Precisamos de empresas fortalecidas, a garantia do pleno emprego com remunerações condignas, uma tributação inclusiva e do governo comprometido com a vida – e não o contrário.

Chega de indiferença e negação da realidade.

Uma ideia sobre “A distribuição de renda e os brioches

  1. Ejak precossi

    O momento que todos vivemos é o mesmo processo da seleção natural, sobrevivem os mais fortes. Neste cenário assistimos a fragilidade das nossas instituições, principalmente, dos governantes que sempre navegaram em águas calmas. Quem sabe, com este aprendizado o próximo Presidente não seja o Tiririca, o macaco Tião. A vacina Bolsonaro poderá nos livrar de aventureiros. Afinal, o preço é a vida.

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