por Mário Montanha Teixeira Filho
A cabeça como se fosse explodir. E eu a revirar o passado. Folhas marcadas pelo tempo, quase amarelas, reflexões sem ordem, poemas escritos em momentos de solidão, como agora. Palavras aos montes, milhares. Talvez sejam mais do que eu poderia supor. Havia nelas uma ponta de melancolia. Ou de revolta. Mas também a ilusão de caminhar sem medo, a fé na utopia, na liberdade, no amor.
Muitos anos se passaram. Uma geração ou mais. E o que foi de nós? Dirão os registros que chegamos, um dia, bem perto do nosso querer. Para mudar alguma coisa. Ou para não mudar nada.
Enquanto nos abraçávamos à velha institucionalidade, ficaram de lado os sonhos, vencidos pela pressa do consumo, pelas aparências, pela lógica do mercado, pela tecnologia, pela internet, pelo egoísmo. O que aconteceu com a vida? E as palavras, onde estão? A justiça, a igualdade, a revolução, o amanhã?
O discurso acabou. Sinto falta dele. São poucas e feias as palavras que a realidade impõe. Palavras frias, destituídas de paixão. Palavras breves, insossas, ridículas, a me lembrar que eu não estou satisfeito com o presente.
Pois é,o pouco que ficamos aqui não será suficiente, talvez nas andanças pelo Universo a gente pode se falar,dar um ola ou um adeus já que por aqui sempre me evitou
O discurso acabou por ser vazio, não se sustentava nos fatos nem nos atos de quem o proferia.
Simples assim.