DIÁRIO DA PANDEMIA
Daqui de cima estou ouvindo o esporro que a síndica está dando no capitão. Dona Humildes tinha batido pra ela que o cara dispensou outra caixa vazia de boneca inflável na lixeira. O rapaz esteve aqui, me presenteou a Marylin e teve a gentileza de levar o invólucro embora. E agora leva a culpa de bonequeiro militante. Ouvi perfeitamente a síndica dizer: “o senhor deve estar se sentindo como pinto no lixo”. E ela disse isso sem a burka, agora que abdicou de sua fé afegã, e só usa a vestimenta nos cerimoniais de reunião de condomínio. Já Dona Humildes, essa trafegava de cabeça em pé desfilando na passarela da glória. A síndica tinha lá suas razões de odiar bonecas infláveis. Metade do condomínio sabe que o marido tem lá a sua, uma mulata assanhada com quem dorme noite sim e noite também. A outra metade do condomínio, se não sabe, desconfia. Corre à boca pequena que ela já ameaçou o marido de comprar um boneco inflável, só de pique. E o marido respondeu que ia ficar apertado todos os quatro na cama.
Filme: PAIXÃO SELVAGEM (direção de Serge Gainsbourg, com Jane Birkin e Joe Dallesandro). Grupo de exploradores apaixonados pela vida selvagem adentram a selva amazônica em busca da cidade perdida de Ur, que fica na Caldéia. Todos acabam doentes de malária, mas como tinham levado croroquinhas curaram-se, que é justamente pra combater a malária que a Crô (para os íntimos) serve.
Quem ficou na caldeia foi o tal Daniel Silveira