de Oberlan Rossetim
Distante, o carnaval.
Confetes e tesão.
A minha confissão.
Sinto em blocos.
Desejo poços.
Compro cores, grito às baterias.
Sambo, porém, ao compasso do gelo.
Há um conflito entre a minha dança e os meus pés.
Ao final, as cinzas.
Saudades e recomeços.
Eu morri no refrão da Escola.
Desapareci num vermelho batuque.
Ai, como quero você às batidas do pandeiro!
Você é o meu carnaval.
Nada é igual.
Há em mim uma varanda.
Vestígios de uma estrela.
No céu, as minhas sementes.
Sou fruto.
Mas sou também desastre.
Apodreço numa máscara de Você.
Que a vertigem me dissolva!
Que nada se resolva!
As coisas não houveram.
O ano continua.
Março aos amassos e amores em fracasso.
Vou, de bloco em bloco,
Abrindo passagem à Rainha da Bateria-Solidão.
E como és mulata!
Que perfeição!
Que lágrima redonda!
Num foguete, num estouro,
A minha face já é outra.