por Claudio Henrique de Castro
Um militar confessa articulações com o alto comando para pressionar o Supremo Tribunal Federal pelas mídias sociais – e na semana que antecede o Carnaval, confessa em livro tal desatino.
Coincidência? Ou mais um recadinho aos ministros do Supremo, para que se ponham em seus devidos lugares, nas gerais e não no camarote do poder?
Descobre-se que não há vacinas suficientes, e nem se tem previsão de quando e se virão. Outro apagão como tantos.
O ministro militar da pasta da saúde não é formado em logística, mas foi indicado com este predicado. Também normal. A lista de falsos doutores e mestres é longa e a fanfarronice também.
Festas clandestinas lotam condomínios fechados, chácaras e ruas das periferias e de bairros chiques, onde os que se acham corajosos, imunes, mas não se consideram idiotas e transmissores do vírus, não usam máscaras carnavalescas ou de proteção à pandemia. Álcool? Só o das garrafas.
As concessões de pedágio avançam em todo país, como tratores que revolvem a palha da colheita passada, mais 30 anos de escravidão tarifária abusiva.
A Petrobras, refinarias lucrativas, Correios, Caixa Econômica, Banco do Brasil, a Eletrobrás todos estão na fila da privatização para corporações internacionais.
Alcântara já se foi, a Amazônia a caminho.
AlalaôôôôoooôÔ.
O Centrão domina soberano o Congresso Nacional à custa de 3 bilhões de moedas dos cofres do Poder Executivo, habilmente transferidos através de emendas e com o objetivo de barrar o impeachment do presidente e para o qual abundam razões jurídicas e pelo descumprimento das mínimas regras da boa educação.
Nada acontecerá até o próximo carnaval.
O povo está com fome? Dê armas para eles comerem.
Pistolas, revólveres, carabinas, munições para derrubar um governo autoritário…Será?
As urnas eletrônicas não são confiáveis, segundo o chefão de plantão, enquanto parte do generalato dispara mensagens nas redes sociais assumindo o papel de “moderador” do Estado.
Tudo isto acabará em 2022? Ou ficaremos mais 21 aninhos aguardando uma nova república?
Processos penais são isto mesmo? Uma combinação explícita entre acusadores e o julgador para condenar os réus a se darem bem politicamente?
A autodenominada oposição patina, desconversa. Apresentadores dominicais salivam, governadores pedem bênçãos e aumenta aquela fila de gaiatos em busca poder.
E o Congresso Nacional? Permanece na alternância entre o insaciável e o genuflexo.
A pauta dos costumes avança. Os direitos sociais e coletivos retrocedem.
E o povo? Ao povo carnaval, mesmo que em reprises de desfiles na televisão, e tome desemprego, quem sabe, um auxílio emergencial ainda mais minguado. Que lambam os beiços! O escravagismo e o autoritarismo estruturais do Brasil pedem passagem.
Cordialidade? A violência contra as mulheres está batendo recordes e os indicadores sociais voltando aos patamares de 1980.
O Brasil Colônia que se prepare, um grande fazendão sem ciência ou pesquisa científica está por vir. Bons tempos aqueles?
O agro é pop: os agrotóxicos abolidos no mundo são utilizados no Brasil e fazem seu papel, dos lucros fáceis e da poluição dos mananciais, em larga escala.
O carnaval é isto, uma festa pagã sem organização que celebra o tudo e o nada, diverte, faz a catarse coletiva das injustiças, para depois da quarta-feira, tudo voltar ao normal.
Com 240 mil vítimas da pandemia, o Brasil é castigado pelo irresponsável negacionismo oficial. Relações internacionais com a China? Primeiro às boas maneiras, depois as tratativas.
O Brasil é um ‘carnaval’ permanente, sem rumo ou destino.
Boa. É o fim dos tempos, só pode.