por Mário Montanha Teixeira Filho
O meu grande amigo e comandante Célio Heitor Guimarães publicou, no blog do Zé Beto, um artigo (“Como pude ser tão ingênuo?”, 11/2/21) em defesa da Lava Jato, força-tarefa do Ministério Público Federal sepultada nos primeiros dias deste fevereiro descarvanavalizado. Logo no início do texto, dei com o meu nome, estranhamente ao lado de personalidades como Augusto Aras, procurador-geral da República bolsonarista, e os “vigilantes bacharéis” do grupo “Prerrogativas”, que conheço de referências superficiais e poucas. Não reivindico a condição de jurista, o que me afasta do “Prerrogativas”. E dispenso qualquer tipo de afinidade com quem quer que sirva ou tenha servido – diretamente ou não – a um governo como o de Messias, o ex-capitão que virou presidente.
Feito o esclarecimento, deixo alguns comentários breves. A dupla Moro-Dallagnol e seus coadjuvantes nunca me inspiraram confiança. Seus métodos e seus objetivos políticos atenderam, em todas as fases dessa aventura esquisita, a propósitos antinacionais e antipopulares. Não creio que seja preciso dizer muito mais sobre o assunto. Já escrevi o que considero importante.
Sobre a conduta do ex-juiz federal de Curitiba, a minha contrariedade aumentou depois que analisei a sentença de condenação de Lula ao xadrez da Polícia Federal, em 2017. “O texto [assinado por mim]”, dizia eu num artigo publicado pelo Zé Beto, “contém algumas impressões sobre a forma como aquela peça jurídica [a sentença de Moro] foi montada, e destaca um ponto que me pareceu essencial: o ‘tempo’ das decisões, sempre combinado com acontecimentos impactantes que puseram de cabeça para baixo a política nacional”. Havia, então, um certo cuidado em evitar afirmações absolutas que atingissem a credibilidade do ex-juiz, mantidas as críticas ao decreto condenatório. “[…] O que era suposição de um julgamento parcial se mostrou verdade, queiram ou não os admiradores do falso super-herói e seu escudeiro Dallagnol, do Ministério Público, na série de reportagens do portal ‘The Intercept Brasil’ lançada no [dia] 9/6/19” (“A sentença famosa de Moro”, 12/6/19).
Pois é. A Lava Jato, cercada de pompa e circunstância, realizou uma quantidade impressionante de operações, corretamente lembradas pelo Célio. O problema é que, para atingir o resultado pretendido, observadas as conveniências políticas da turma, foi preciso atropelar pequenos detalhes, filigranas jurídicas – como a Constituição, por exemplo, que acolheu, entre vários outros dispositivos românticos, os que consagram a ampla defesa e a presunção de inocência do réu. O que estava em jogo era a “sede de vingança” do povo oprimido. Para que ela fosse saciada, seria preciso um novo processo penal (ou uma “nova” interpretação das regras vigentes), e os meninos de Curitiba estavam lá para isso. Cumprida a tarefa, a frágil democracia brasileira se viu arrasada por uma distopia. Bolsonaro e seus amigos agradeceram.
Se é certo que a Lava Jato prendeu figurões “como nunca antes havia ocorrido neste País”, é certo também que os seus agentes ultrapassaram os limites das atribuições dos cargos que ocupam (ou ocuparam). Conduziram processos com parcialidade e de forma seletiva. Nos “contratos” de delações – as premiadas – que forjaram provas e distorceram fatos, era nítida a fragilidade das peças produzidas. Não seria preciso um Aras bolsonarista para apontar os erros e os excessos da operação. Os corruptos se deram bem? Sim, porque corruptos e malandros adoram ações judiciais mal instruídas, procedimentos viciados e atos feridos de nulidades. Seus advogados ainda farão muita festa.
Perdoe-me, meu querido Célio, mas não consigo acreditar que a Lava Jato tenha sido concebida como instrumento de combate à corrupção. Ela sempre fez parte do “sistema”, e serviu para fortalecer os interesses da velha elite parasitária brasileira. Nada mais. Anotei uma vez, e repito: não existiria o Bolsonaro presidente sem Moro. Os dois “são seres parecidos, feitos do mesmo barro, pequenos e com lugar reservado na história: o lixo” (“Breves considerações sobre dois seres parecidos”, 25/4/20).
Posso estar enganado, meu amigo, mas é o que me parece. Talvez o ingênuo nessa história seja eu, que prefiro o longo caminho em busca da utopia à tutela de heróis que não existem.
Enquanto isso, em Pindorama, o grande josé dirceu foi denunciado mais uma vez…mas a culpa é “dazelite”…
Ingenuidade só vai até a adolescência, depois disso é burrice mesmo.
E a propósito: o que se faz com as provas?? Sim, elas existem e estão lá.
Correto. O lavajatismo virou uma seita, com seu próprio código moral. E seus santos com pés de barro. Os seguidores dos “santos” de Curitiba fazem cara de paisagem quando se aponta que o santo-mor ( Moro) virou ministro e conviveu 1 ano e meio entre corruptos, milicianos e rachadistas. Sempre silencioso, como cabe a um santo. Os adoradores também fazem questão de desconversar quando se prova que roubalheiras de outros partidos simpáticos à causa (PSDB) foram estrategicamente evitados. “Não vem ao caso” virou uma frase lapidar do ex-juiz santo. Também não vem ao caso as outras estripulias como uma fundação para gerenciar as multas da Petrobrás, empresa para faturar dinheiro com palestras…E, para finalizar, a Lava Jato foi eficiente para levar o PT à lona ( e o partido não pode ser isentado de seus erros), mas fechou convenientemente os olhos para o resto. O ovo da serpente vingou.
O “grande” Roberto Jéferson hoje é seu ídolo né Jose,quanto as provas,fala alguma ai pra nós que tentamos e não encontramos nada,seria os pedalinhos dos netos?Seria uma serie de cheques depositados na conta dos seus filhos por um amigo?Ou seria alguém pagando conta de dona Mariza
Vai Zé,fala pra nós.
Moro, Deltan e demais membros da Organização chefiada por Moro quebraram o Brasil. Como fazer para que respondam por seus atos? Em meus 81 anos de idade nunca vi algo tão espúrio quanto a lava-jato nem vi gente tão subserviente quanto esses rapazes, que destruíram o Brasil e deixaram nossas empresas e riquezas desvalorizadas para que o capital internacional pudesse comprar tudo barato.
Silvestre: não me meça pela sua régua, não tenho bandido de estimação. Para mim o tal roberto jeferson deveria estar preso, assim como zé dirceu, lula e o resto da camarilha.
Quanto às provas, sugiro ler de novo o processo e as sentenças em primeiro, segundo e terceiro grau…
A propósito, note que nem o “ingênuo” lewandowski diz em seu voto que as gravações hackeadas são legais ou verdadeiras.
Além disso, pensa aí: se uma ação ilegal (hackers) serviria para anular um processo, porque razão a ação ilegal da lava-jato não serviria para condenar?
O problema nos dois casos é o mesmo, as provas.
Se liberta silvestre…para de torcer por políticos, eles não valem teu fígado…
” Ela sempre fez parte do “sistema”, e serviu para fortalecer os interesses da velha elite parasitária brasileira.” E acrescento: nossos nanicos da LJ, conforme revelado hoje, obraram para que uns nacos do cadáver da Petrobras, surrupiada pelos espertos do grande irmão do norte, ficassem em suas mãos para “combater a corrupção”! Lendo hoje as tratativas dos marotos, fico pensando com meus botões: esses caras foram pagos pelo povo brasileiro pra desossar o dinossauro da Petrobrás e até agora já entregamos o pré-sal, as distribuidoras, as plataformas, as refinarias, a industria plastica, e otras cositas mais, na bacia das almas! Good Business! E nosso grande ex-juiz e ex-ministro da Justiça agora vive de receber uns caraminguás em dólar da administradora da massa falida da Odebrecht! Surreal!