DIÁRIO DA PANDEMIA
O presidente brasileiro da Associação dos Caçadores de Codornas Cativas declarou que cada ave tem o destino que merece. Umas vivem em rígido cativeiro enquanto outras vivem em luxuosos palácios. E por que? Porque foi assim que Deus fez. E estamos conversados. No entanto, Asnálio da Silva, pobre de Direita por opção, ocupante da cadeira 37 da Associação Brasileira de Proteção às Aves Campestres, levantou a questão, minto, levantou a espingarda e deu um tiro para o alto. O jovem Dualibi, filho do presidente brasileiro da Associação dos Caçadores de Codornas Cativas se assustou e fez nas calças. Imediatamente, Burraldo Augusto, herói na invasão da Venezuela, acusou os comunistas. Era um país estranho aquele. Matava-se codorna por distração. Tipo assim: o carabinieri se distraia e atirava ao leu. Leu é como chamavam os meninos negros das favelas. Aí, veio a pandemia. O presidente brasileiro da Associação dos Caçadores de Codornas Cativas tinha espasmos de alegria. Iam os dois, ele e a pandemia, de mãos dadas, beijinho beijinho, pau pau, saracotear em meio às codornas pobres de Direita.
Filme: O PASSO SUSPENSO DA CEGONHA (direção de Theo Angelopoulos, com Marcello Mastroianni e Jeanne Moreau) – Uma grande cegonha levanta o pezinho e todas as codornas cativas escapam.
Entendi…Isso mesmo, fumo Padrella e volte amanhã.