Um trator rasga as fibras da alma e também as dos músculos. Alguma coisa aconteceu – e não eram os Titãs cantando. Furaram meu ouvido direito na madrugada. Dor lancinante antes do café da manhã. Na farmácia, a boleta salvadora. Posologia própria: quatro pra dentro. A noite veio para o dia. Vagalume no quarto escuro. Numa piscada, o pesadelo. Tem uma escada pra subir depois do banho gelado. Na descida, saio do prumo. Paro. Penso. Uma árvore me observa. Já estive bem pior ontem – que faz tempo. A morte chegando perto do porão da casa. Cinco cobertores me cobriram depois. Subúrbio 42 graus. Hospital. Risco de septicemia. O cuspe batizado e injetado. Agora a luz acende no poste da rua. Amarelo. Automático. Um sol. Descanso.