Da FSP
Diego Maradona, herói de Copa e mito argentino, morre aos 60
Um dos maiores jogadores de todos os tempos, ele se recuperava de cirurgia
Morreu nesta quarta-feira (25) Diego Armando Maradona, aos 60 anos. A informação foi confirmada por seu advogado. Campeão da Copa do Mundo de 1986 com a seleção do país, foi um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos.
Segundo o jornal argentino Clarín, Maradona teve uma parada cardiorrespiratória em casa, em Tigre, na região de Buenos Aires, onde estava desde que passou por um procedimento cirúrgico na cabeça mais cedo neste mesmo mês de novembro.
Maior ídolo esportivo da Argentina, ele nasceu no dia 30 de outubro de 1960 e cresceu no humilde bairro de Villa Fiorito, no subúrbio de Buenos Aires.
Campeão mundial em 1986, quando teve seu auge na Copa do México, tornou-se uma das figuras mais populares e controversas das últimas décadas. Ganhou em 2000 uma eleição popular feita pela Fifa na internet para eleger o melhor jogador do século 20. Com 53,6% dos votos, superou Pelé (18,53%) nessa enquete e levou um troféu da entidade, que conferiu também ao brasileiro um prêmio de melhor do século 20, só que em votação da “Família do Futebol”, um comitê montado pela Fifa.
A carreira de Maradona começou para valer em 1976, quando foi contratado pelo Argentinos Juniors. Ele já jogava e chamava atenção por sua grande habilidade com a bola desde os nove anos, defendendo o time infantil dos Cebollitas. No dia 20 de outubro de 1976, antes de completar 16 anos, estreou na primeira divisão argentina na derrota do Argentinos Juniors por 1 a 0 para o Talleres. Poucas semanas depois, no dia 14 de novembro, marcou no San Lorenzo seu primeiro gol como profissional.
Aos 16 anos, Maradona estreou na principal seleção de seu país em jogo contra a Hungria, no dia 27 de fevereiro de 1977, na Bombonera. Porém, o promissor craque não foi inscrito na Copa do Mundo de 1978 na Argentina por decisão do técnico César Luis Menotti.
No ano seguinte, o meia liderou a seleção argentina na conquista do Mundial sub-20 no Japão e foi eleito o melhor jogador da competição. Também em 1979, no dia 2 de junho, Maradona anotou numa vitória de 3 a 1 sobre a Escócia, em Glasgow, seu primeiro gol pela seleção principal da Argentina.
O “Pibe de Oro” foi vendido para o Boca Juniors, clube do qual se tornaria grande ídolo e símbolo. Após ser cinco vezes artilheiro de torneios na Argentina sem levar o Argentinos Juniors ao título, conquistou em 1981 o Metropolitano pelo Boca.
Em 1982, antes mesmo da Copa da Espanha, Maradona já havia sido negociado com o Barcelona. Sua atuação no Mundial de 1982, assim como a da seleção argentina, não correspondeu à grande expectativa gerada, e o meia acabou expulso na última partida da Argentina na competição, uma derrota de 3 a 1 para o Brasil.
No Barcelona, Maradona enfrentou algumas dificuldades. Logo em sua primeira temporada, contraiu hepatite. Teve problemas com o técnico alemão Udo Lattek, que foi demitido do clube espanhol. Em 1983, conquistou a Copa do Rei numa final contra o Real Madrid, além da Copa da Liga da Espanha, competição na qual anotou um gol no estádio Santiago Bernabéu que arrancou aplausos até da torcida madridista.
Em setembro de 1983, no entanto, Maradona sofreu uma fratura no tornozelo esquerdo após uma entrada violenta de Goikoetxea, do Athletic Bilbao. Foi operado e ficou três meses e meio sem jogar. Numa tensa decisão da Copa do Rei contra o mesmo Bilbao, Maradona foi o pivô de uma batalha campal ao agredir Miguel Ángel Sola.
O meia argentino foi suspenso por três meses pela federação espanhola, e o Barcelona, que havia pago cerca de US$ 8 milhões por ele, aceitou uma oferta do Napoli de US$ 7,5 milhões pelo jogador, que teve os seus primeiros contatos com drogas ainda na Espanha.
Pesaram também para a saída do craque para o futebol italiano —uma espécie de Eldorado da bola nos anos 1980— a relação ruim entre Maradona e Josep Lluís Núñez, então presidente do Barcelona, e perdas financeiras causadas pela má gestão de seu agente, Jorge Czysterpiller.
No dia 5 de julho de 1984, Maradona foi apresentado para uma multidão no estádio San Paolo, onde viveria muitos de seus melhores momentos em campo. Ajudou o Napoli a ganhar seus dois únicos títulos do Campeonato Italiano, em 1987 e 1990, além de conquistar uma Copa da Uefa em 1989, uma Copa da Itália em 1987 e uma Supercopa da Itália em 1990.
Foi nesse período como jogador do time italiano que ele levou seu país ao título mundial em 1986, no México, quando anotou o gol mais bonito das Copas, uma arrancada desde o campo de defesa com direito a dribles em vários adversários na vitória de 2 a 1 sobre a Inglaterra. Nesse mesmo jogo, ele anotou outro célebre gol, com a mão, e disse que o polêmico tento fora marcado com a “mão de Deus”.
Em meio ao auge da carreira, Maradona teve seus filhos Dalma, Giannina e Diego (reconhecido apenas em 2016).
Em outubro de 1985, Guillermo Cóppola tornou-se o novo agente de Maradona. Após a Copa de 1990, ele trocaria de novo de representante, ligando-se a Marcos Franchi. No dia 17 de março de 1991, na vitória de 1 a 0 do Napoli sobre o Bari, o exame antidoping do craque deu positivo para cocaína e resultou numa suspensão de 15 meses. De volta à Argentina, chegou a ser preso por porte de drogas. Pagou fiança para ser liberado e teve que se submeter a um tratamento de reabilitação.
Em 1992, após o final da suspensão, Maradona foi jogar no Sevilla, da Espanha, que tinha Carlos Bilardo como técnico. Retornou à seleção argentina num amistoso contra o Brasil. Com dores no joelho, tomava sistematicamente aplicações de anti-inflamatórios para jogar. Após desentendimento com Bilardo, deixou o Sevilla e, em 1993, retornou ao futebol argentino para defender o Newell’s Old Boys.
Uma lesão e uma troca de técnico foram as razões que precipitaram o fim da relação do meia com o clube de Rosario. No dia 23 de setembro de 1993, com a Argentina ameaçada de não ir à Copa dos EUA, o técnico Alfio Basile pediu a Maradona que voltasse à seleção, o que ele fez no empate de 1 a 1 com a Austrália pela repescagem do Mundial. Ele ajudaria assim seu país a se classificar para a Copa de 1994.
Em fevereiro de 1994, Maradona, com um rifle de ar comprimido, disparou contra um grupo de jornalistas e fotógrafos que estava na porta de sua casa. Foi condenado, tempos depois, a dois anos de prisão condicional (não foi para a cadeia) por isso e teve que indenizar todos os profissionais atacados.
No Mundial dos EUA, Maradona atuou muito bem nas duas primeiras partidas da Argentina, anotando no dia 21 de junho contra a Grécia seu último gol em Copas numa goleada de 4 a 0. No jogo seguinte, contra a Nigéria, uma vitória argentina por 2 a 1, ele foi sorteado para o antidoping. O resultado deu positivo para efedrina e ele foi suspenso por 15 meses. O jogador havia feito grande preparação para a Copa, tendo feito grande esforço para emagrecer, e declarou que lhe “cortaram as pernas” com a escolha para o antidoping e a posterior suspensão. Fechou sua participação pela seleção argentina, que sucumbiu depois na Copa, com 91 jogos e 34 gols.
Suspenso como jogador, Maradona tentou a carreira de técnico, sem sucesso. Primeiro, ficou dois meses no humilde Deportivo Mandiyú. Depois, passou quatro meses à frente do Racing. Também ajudou a fundar no dia 28 de setembro o Sindicato Mundial de Futebolistas. Dois dias depois, marcava seu sonhado retorno ao Boca Juniors numa vitória de 2 a 1 sobre a seleção da Coreia do Sul.
Problemas com o técnico e então desafeto Bilardo, questões de saúde relacionadas às drogas e má fase técnica dele e do Boca Juniors explicam o insucesso nesse período, quando Maradona chegou a errar cinco pênaltis seguidos.
Grande artista da bola e equilibrista da mídia.
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