A Anvisa suspendeu ontem à noite os testes com a vacina Coronavac alegando que um voluntário dos testes morreu e dando a entender, pelo comunicado, que era consequência dos testes desenvolvidos em São Paulo pelo Instituto Butantan. Jair Messias Bolsonaro aproveitou e escreveu em rede social o seguinte, sem ter conhecimento do que de fato ocorreu com a vítima, cujo morte tinha sido comunicada oficialmente pelo Butantan há alguns dias, seguindo o procedimento padrão:

Morte, invalidez, anomalia. Está é a vacina que o Dória queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O Presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha.

Se alguém ainda duvida da sanidade do chefe do Executivo, talvez o fato de ele levar para o campo político um assunto que mexe com a vida dos brasileiros e numa pandemia que já matou mais de 160 mil pessoas, esta prova seria o suficiente. Bolsonaro briga com João Doria, governador de São Paulo, por conta da eleição presidencial de 2022. Doria não é flor que se cheire e, de certa forma, alimenta isso, mas este episódio ultrapassou todos os limites do absurdo que toda semana qualquer ser sensato fica abismado em se deparar – e nada acontece, ao contrário, virou uma rotina absurda, aloprada, de horror, de canalhice, de esculhambação e, pior, que é incensada por abduzidos a favor da loucura – e instigada pelo outro lado, aquele que ajudou, e muito, a colocar no poder um verdadeiro time de desequilibrados, onde a obscenidade moral e intelectual é regra.

Há pouco foi revelado que o que morreu e cujo cadáver foi utilizado para uma ação absurda e contra a ciência, foi encontrado no banheiro de casa ao lado de uma seringa e remédios o que levou os policiais militares a escrever no boletim de ocorrência a forte suspeita de suicídio ou overdose, o que dá na mesma, hipótese que pode ser referendada pelos exames do IML, mas que, de cara, compravam o que gritaram os diretores do Butantan, ou seja, que a morte não tem nada a ver com a vacina.

E agora? Vai ficar tudo por isso mesmo, como sempre, apesar de este episódio ter reforçado a tese de que o país elegeu alguém determinado a comandar um suicídio de uma nação já estraçalhada por isto que está aí desde os tempos da descoberta.