DIÁRIO DA PANDEMIA
(*) Hoje mandei vir uma sopa de retalhos. Tem noites que eu janto fora. Quer dizer, a comida é de fora, mas eu como dentro. Mas hoje comi fora: ali na varanda, para que os vizinhos vissem que eu tenho o que comer. Me agasalhei com minha colcha de retalhos porque a noite estava mais fria do que eu esperava. A sopa também já estava fria. Mesmo assim, comi cada retalho, enrolado na colcha, e sopa e colcha se completavam para me aquecer o corpo, que a alma, essa ficou fria por eu me lembrar do dia que a mãe fez aquela colcha e, ao jantar, apresentou uma sopa numa noite fria como hoje.
(*) Não sou eu que conto minhas histórias. Elas já estão todas dentro do computador, como sempre estiveram na tinta dos mil tinteiros dos ontens da vida. Eu apenas toco nas teclas, e a história vai sendo contada. Quando escrevo à mão, as histórias já estão todas na tinta, sempre estiveram ali à espera de quem as soltasse no papel.
(*) Depois que a mulherada (e alguns garotos) passaram a usar burka completa, fica difícil pra gente identificar a síndica. Ela tem uma maneira peculiar de caminhar, mas quando está fardada não se percebe. Às vezes, no meio de uma brincadeira, ela chega, identifica-se e multa a gente. Foi o que aconteceu quando a gente estava mocozado no parquinho, matando um. Acho até que foi o capitão do ofurô ou o seu moleque quem entregou a galera.
Filme de Hoje: PALAVRAS AO VENTO: “Se eu não ganhar esta eleição toco fogo em Roma e ainda saio pelado na rua”.
Sera que a MICHEQUE,aquelas das chiquitas está usando Burka,faz tanto tempo que não a vejo que a coloco na galeria das desaparecidas.Engraçado que o Helio Negão também sumiu.