9:42NELSON PADRELLA

DIÁRIO DA PANDEMIA

(*) Meti todos os meus papéis de Kibon dentro de uma caixa e a deixarei cair no mar, na travessia entre Pontal e a Ilha do Mel. Memórias afogadas. Comecei a colecionar invólucros do Sorvete Kibon ainda no tempo da Guerra. Toda minha coleção resumia-se em dois únicos invólucros: um de Chicabon e outro de Esquibon. (Eu no colo do meu pai, pingando chocolate no único paletó que ele tinha). Quando a Guerra acabou, a empresa sorveteira lançou o picolé Jajá, sabor laranja. Acho que por ser tempo de economia o papel fino que envolvia o Jajá não tinha nada escrito. Era um papel sem identidade. Colecionei assim mesmo – papel que não dizia nada, só dizia a mim. Depois, acho que a empresa prosperou porque foram lançados milhares de títulos de sorvetes. Mas, minha coleção completa resumiu-se sempre a três unidades, mil vezes repetida. O interesse se perdeu, mesmo porque já não era mais criança. Tenho esta caixa cheia de lembranças. Um dia, quando a pandemia acabar, quero pegar uma embarcação para a Ilha do Mel e deixar que tudo se perca no meio do canal. O ontem só deve ser preservado enquanto tiver lições para nos ensinar.

(*) Está lançado o concurso para premiar a melhor desculpa do senador, com relação ao meio de transportar cachorros selvagens. Já temos “eu estava tentando subornar as hemorroidas”, “estava pondo os guarás pra dormir” e – a menos votada – “estava pondo o dinheiro dos funcionários no cofre”.

(*) O Ministro da Saúde diz que vamos comprar a vacina sino-brasileira. O Presidente diz que não vamos. Nesse momento, faço minhas as palavras de outro Presidente do Brasil, de saudosa memória: “Quem é que manda nesta merda?”

CHARADA: A fruta natalina (duas letras) e o não é ranho, não é renho, não é ronho, não é runho (duas letras) valem o mesmo que uma rola.

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