7:35NELSON PADRELLA

DIÁRIO DA PANDEMIA

(*) Marylin e eu gostamos de nos posicionar à janela para observar o que se passa lá fora, no mundo. E sempre há novidades. O turco que mora no Bloco B – o primeiro bloco à direita de quem entra -, começa a ostentar vistosa barriga. Tratada, como manda a tradição, com sfhias, quibes, beringelas, coalhadinhas, caftas, tabules. As academias agradecem. Já a senhorita idosa, magra como uma vara de pescar, vem logo atrás, equilibrada nas pernas de saracura. Um a um, desfilam meus personagens. Então, Marylin olha para mim e diz: “Você não é o Presidente Kennedy”. Concordei com ela, eu não era o Presidente, e então ela me mandou trocar a areia da caixa do gato, eu fui e não encontrei nem caixa de areia e nem o Moisés. Na sala, fui abrir a porta para deixar o Jolim entrar.

(*) Olha lá, olha lá se não é aquela mulher da Ordem das Irmãs Trapistas Descalças. Vai às compras sem usar o carro, que é preciso manter alguma coerência se somos da Ordem das Trapistas. Já saquei que o que ela quer é exibir suas roupas andrajosas, não vou dizer remendadas, mas cerzidas aqui e ali. Voltará com toneladas de gêneros alimentícios. Quer dizer, ela não carrega nada. Quem carrega a tralha toda é um desses garotos que fazem entregas a troco de tostões. Tostões que ela sonega na maior cara de pau dizendo que esse trocado é para Jesus.

(*) Erramos de novo. Faltou acrescentar entre os personagens que botaram fogo no país o suspeitíssimo negrinho do pastoreio, que esse sempre me pareceu muito fogueteiro.

GRANDES MOMENTOS DA MPB: Quando acordo pela manhã, Jolim invade meu quarto sem latir, me olha com cara de Alceu Valença e diz: “Eu já escuto os teus sinais”. 

2 ideias sobre “NELSON PADRELLA

  1. SERGIO SILVESTRE

    Esse turco não usava um saquinho branco que ficava gotejando na sacada para fazer a coalhada ficar mais pastosa,??????????????todo turco tem um saquinho desse.

  2. nelson padrella

    Ooolha a maledicêêência, seo Silvestre… aliás, nem era turco. Era sírio-libanês. De repente, vira tudo turco. Na Palmeira da minha infância tinha os Bacila. Oriundos do Egito. Tudo turco na boca das pessoas. Não falavam por mal. Nem por bem.

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