DIÁRIO DA PANDEMIA
(*) Estou me desfazendo de todos os cabos eleitorais que, num momento de relativa democracia, me ajudaram a eleger e até reeleger um clube fechado de facínoras. Agora que me preparava para apoiar novos pilantras estão me dizendo que a coisa não funciona mais assim. Que agora a palavra da moda é rede social, tecnologias, o século 21. Me sinto ultrapassado e já requeri minha reforma. Saio da vida pública para entrar na privada. (Essa frase já tinha lido não sei aonde, mas me deu vontade).
(*) Antigas endemias estão voltando. O bócio volta a ser uma ameaça. Ontem eu falei do bócio endêmico e eu vi que teve gente mais jovem que me olhou com cara de quequeéisso? Explico: Era rara a vilazinha que não tivesse entre seus pares pelo menos uma pessoa ostentando vistoso repolho no pescoço. Adição obrigatória de iodo no sal de cozinha deu uma esvaziada no saco. Campanhas de vacinação acabaram com essa e outras endemias, como sarampo, tuberculose, espinhela caída e nó nas tripas. Mas, agora que o grande curral se posiciona contra a vacinação estou só esperando a volta do bócio. A gente podia até bolar um concurso para eleger a pessoa mais boçal. Com direito a prêmio: um lenço todo colorido para enfeitar a famigerada bolota.
(*) Enquanto isso, no plantel dos asnos,os animais conversam. Um deles teve vontade de dizer que ser burro é o normal, e que a unanimidade é humana. Ficou pensando duas horas se falava ou não, até que o sininho bateu. Era o boiadeiro, ou burradeiro, avisando que estava na hora da janta.
PENSAMENTO MAIS OU MENOS BOÇAL: Ser gado é uma coisa, mas ser gado zebu é o ó.