9:17NELSON PADRELLA

DIÁRIO DA PANDEMIA

Vi uma coisa interessante. Acho que até vou contar. É, vou assim. Não sei se é só em Curitiba. Se for, os cidadãos da cidade-que-ri merecem nota 10 pela criatividade. Inventaram a máscara de proteger gogó. É igual à outra, a que tapa nariz, boca, se calhar ouvidos e outros orifícios que porventura. A diferença está no geografismo da coisa. A máscara de Curitiba cobre o gogó, aquela protuberância que homem tem e mulher não tem. E se mulher tiver, aiaiai, você está levando gato por lebre. O que diferencia homem de mulher são as protuberâncias, isso qualquer brocoió sabe. Essa palavra nem existe, mas brocoió significa – ou significava nos meus tempos na Palmeira – nhengo, mocorongo, mondrongo, loque, tatu…Já ia fugindo do assunto que me trouxe aqui. A máscara de gogó. Possivelmente sirva para encobrir alguma navalhada ocorrida num desses inferninhos que seus pais não sabem que você frequenta. Ou para esconder o bócio, se bem que essa endemia já foi erradicada. Mas, tem as mulheres vaidosas. Só pra dizerem que têm aquela bola no pescoço, encobrem o pomo de Adão e aí a gente não fica sabendo se a freguesa tem bócio ou se está só querendo se fazer de importante. Onde eu morava tinha uma mulher vaidosa e ponha vaidosa nisso, que mantinha um lenço amarrado ao pescoço e, sob o lenço, meio melão. Desfilava exalando seu orgulho em ser bocista. Todo mundo achava o ó.

Daí, perguntei à moçoila que ia passando com a máscara no pescoço. Perguntei se não era melhor cobrir nariz e boca – inclusive uma parte do mamilo, que dava pra gente ver. Ela explicou que não, não, não. Que desse jeito ela evitava se resfriar. Médico tinha mandado manter o pescoço aquecido. Daí, eu disse a ela que também fazia assim quando sentia dor de cabeça. Prendia uma dessas máscaras na testa e era tiro e queda. A queda acontecia quando a geringonça se soltava e me cobria a visão, e se tiro a máscara a visão retorna. Rimos muito. Depois ela me olhou de cima a baixo e disse: idiota! Respondi muito prazer e disse meu nome.

Não demora e inventam máscara para ser colocada em outras partes do corpo. Presa à calcinha, para quem for de usar calcinha, pode evitar a gravidez. Rapazes também poderão utilizar o artefato para evitar surpresas. Cerzida à cueca protegeria a bobajinha e o ofurô de eventuais entradas e saídas. Vamos botar a criatividade pra funcionar. Esse lance de máscara para a fuça é coisa antiga. Eu mesmo já estou inovando. Não uso mais meias. 

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