DIÁRIO DA PANDEMIA

(*) E o lobo guará que apareceu dentro de uma casa? Não era dia de banho e tosa, que é que aquele bicho estava querendo?  Disseram que estava tentando receber os royalties pelo uso da imagem. Tolinho. Um Governo que não paga nem o merecido prêmio Camões para o Chico Buarque vai pagar guará?  

(*) Nunca deixo de colocar máscara quando estou diante do espelho. Não ouso me identificar para mim mesmo.Tenho meus dias de Batman, mas nas minhas recaídas encarno Robin. O importante é a máscara. Que menino nunca se fascinou em usar máscara? Na infância, Carnaval é o ano inteiro. Conheci uma criança, vocês não devem lembrar porque a História sepultou sua biografia. Conheci uma criança, repito, que nunca deixou de usar máscara, mas queria enganar os amiguinhos dizendo que usar aquele produto era coisa de menininha. Mas, ele sempre usou. Durante todo o período que tentou ser o que nunca conseguiu ser, era mascarado. Nos farvestes que a gente assistia nas matinês, era ele aquele que cavalgava com seu bando, assaltando bancos, diligências e tentando matar o xerife.

(*) Marylin está toda empetecada. Botou as roupas chiques que foram de Teresa e das quais nunca me desfiz. Bem como nunca me desfiz de Teresa, recuperada nesta mulher que agora me faz companhia. Tudo bem que tenho o feio vício de deitá-la à basura, como me dizem os argentinos. Mas faço isso por amor. Ela sabe que é brincadeira. Depois, vou até o lixo e cato em Marylin a Teresa que já não tenho.

GRANDES PENSAMENTOS DA PANDEMIA: A fome é uma visita diária que se apresenta à nossa porta, principalmente para os que nem têm porta.