DIÁRIO DA PANDEMIA
*Tem o lance do Jolim II. Ou Moisés III. Ou Rex, como esse cão quer ser chamado. A gente sempre discute na hora do jantar. Ontem foi a respeito de emas, aves essas que nem foram eleitas pelo voto popular, mas já estão dando suas bicadas. Jolim II ou Moisés III ou Rex, como esse garoto quer ser chamado, tinha dito que o povo está cego e que pior cego é aquele que não pode vir. Respondi que siri melhor quem siri por último. Essa frase foi inventada por Martim Pescador, um conquílio-malacologista que morava na Ilha do Mel, e cuja frase também não é novidade pra ninguém. Ao que meu interlocutor de pronto respondeu: “Sou palhaço, não. Comigo é escreveu, não leu, o palco meu”. Fiquei duas horas pensando aonde é que já tinha ouvido essa frase. Hoje em dia não se cria mais nada. Vivemos das glórias e desglórias dos ontens vividos ou desvividos. Encerrei nosso papo com um cacarejo. O bandido é esperto e me respondeu que não queria ouvir nem mais um pio.
*No primeiro dia de trabalho o guarda penitenciário vai apartar briga de cachorros. Não era de sua alçada, mas resolveu mostrar serviço. Deu três tiros na cachorrinha que mora com os policiais. O animal foi para cirurgia, vamos ver no que vai dar.
O episódio me remete à outra história: primeira vez que o cidadão é convidado para dirigir os rumos de um país, o que ele faz? Mete os pés pelas mãos. Dá tiro na cachorrinha. Maneira de dizer. Como se diz: deu no que deu, e se ainda não deu é só passar ali em Santa Catarina e pedir uma aplicação de ozônio para combater Covid. É de se pensar: O circo está armado.
*O que eu queria ter agora era meu cavalo alazão. Saía no galope, da cozinha até o quarto, atravessando as pradarias do corredor, esses pastos cheios de bisões. Eu de chapéu de John Wayne, a Winchester disparando feito louca, olha lá se não é o médico anaueiro se fazendo passar por cheyenne. E temos mais novidades. Meu vizinho, o juiz de briga de galo, vestido de General Custer, custer o que custar está na minha mira. Fustigo meu cavalo, bang bang, derrubo primeiro o General Custer, que estava na posição de receber ozônio, bang, um tiro só, certeiro, bem no meio do frasco. O cheyenne falsificado tenta camuflar-se, vestido de mariachi, o sombrero encobrindo a cara, mas quando começa a cantar cucurucucu Paloma se entrega porque é a senha dos ozonistas, como era Vila Morena para a Revolução dos Cravos. Cantou cucurucucu Paloma, pronto! Entregou.Tem muito pouco ru na frase.
PÉROLAS AOS POUCOS: No canteiro da varanda as mudas de alface falam e falam como se não fossem mudas.